quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

4%, E DEPOIS?

O ministro Vitor Gaspar foi à Comissão Parlamentar de Acompanhamento do Défice para aquilo que entenderia ser a oportunidade de recolher os louros pela aprovação da troika quanto ao seu desempenho e para anunciar um défice de 4% nas contas públicas de 2011. Que seriam 8% se não houvesse o expediente da integração dos fundos de pensões da Banca.
É claro que a Oposição não lhe deu tréguas, confrontando-o com um programa ideológico bem definido em que se empobrece aceleradamente a classe média e se sufoca com desemprego e com salários miseráveis as classes mais desfavorecidas, ao mesmo tempo que se criam as condições para os muito ricos ainda melhor escaparem aos impostos e aumentarem as mais valias dos seus investimentos especulativos.
Não se compreende, aliás, o fascínio de muitos colunistas mediáticos pelo ministro em causa: o seu estilo pode ser peculiar, mas o  discurso verborreico nada diz. Apesar de apertado por João Semedo não esclareceu as dúvidas suscitadas pela venda a pataco do BPN nem respondeu a João Galamba quando este pretendeu saber qual será a sua atitude perante a troika se  - como tudo aponta - o PIB continuar a afundar-se e o número de desempregados a crescer.
Mas algo de surpreendente ficou a saber-se: ainda o Governo não tem aprovado o Orçamento para 2012 e já prepara um outro rectificativo para ser apresentado a seguir. Depois de ser o Governo, que mais cedo começou a ser vaiado desde a tomada posse, esta novidade constitui um verdadeiro recorde digno de mais um lamentável Guiness.
Esse espanto não impediu, porém, que se erguesse um coro de protestos pela outra novidade trazida ao parlamento: o suposto alinhamento das indemnizações por despedimento com  o que ocorre no resto da Europa (Carlos Moedas não esclareceu em qual Europa - seria no satélite de Júpiter?). O que levou o deputado Miguel Tiago a questionar porque não haveria a mesma preocupação com o alinhamento dos salários...

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