domingo, 27 de maio de 2012

Atenienses somos nós todos!


Em dia de campanha de recolha de alimentos para o Banco Alimentar não deixámos de participar com o nosso contributo. No entanto, e por muito que persista uma opinião positiva sobre o esforço de Isabel Jonet e dos seus colaboradores, não podemos deixar de contestar uma iniciativa, que se insere claramente na típica caridadezinha tão própria da mentalidade mais conservadora.
Porque, num país decente, aonde o capitalismo e os seus defensores já estejam declarados fora-da-lei, será o próprio Governo quem deverá responsabilizar-se pelo direito de todos ao trabalho, à saúde, à educação e à habitação, que constituem os requisitos mínimos para uma existência condigna.
Por muito, que esse objetivo pareça longínquo, há sempre a expetativa de ver o tempo histórico acelerar-se e o caixote do lixo receber este sistema económica e financeiramente criminoso para o arrumar junto a outros declarados obsoletos como o apartheid ou a versão leninista do socialismo. Não esqueçamos que, no início de Maio de 1968, um jornal francês anunciava em parangonas que o país estava entediado… sem imaginar o surto revolucionário dos dias seguintes.
Nesta altura os povos europeus não se podem considerar aborrecidos. Pelo contrário ecoa com maior fragor o som ascendente de uma indignação coletiva. Que declarações como as de Christine Lagarde a propósito dos gregos só contribui para incrementar em quem já considera que atenienses somos nós todos.
Perante a miséria crescente de tantos europeus, a súbita alteração da realidade poderá ocorrer a qualquer momento. E não faltam Bastilhas para cercar e invadir. Porque aos utentes dos Bancos Alimentares somam-se muitos descontentes, que não aceitam a privação da felicidade possível enquanto dura a sua limitada existência...

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