sábado, 11 de agosto de 2012

Filme: «Einsatzgruppen » de Michaël Prazan (2)



Anexados aos relatórios escritos, que enviavam para Berlim, ou de forma mais ou menos clandestina às suas famílias, as fotografias ou os filmes dos membros dos Einsatzgruppen, lembram os troféus de guerra. Porque demonstram não só o horror dos massacres, mas também o sadismo dos que os cometeram.
Eles constituem a prova irrefutável de um extermínio, que os próprios nazis quiseram camuflar quando, a meio de 1942, compreenderam a possibilidade de perderem a guerra e virem a ser julgados pelos seus crimes. Daí que, a partir dessa altura, algumas das valas comuns tenham sido reabertas para que os corpos fossem queimados e desaparecessem quaisquer vestígios de tais matanças.
Mas o filme de Michael Prazan é impressionante por outra razão, que o seu título não deixa adivinhar: os Einsatzgruppen não são os únicos protagonistas desta triste história. Um dos aspetos mais singulares do documentário é evocar o papel ativo das populações locais em tal genocídio. Um papel fundamental que os historiadores sublinharam durante muito tempo e confirmadas pelas investigações mais recentes.
Um antigo polícia lituano conta como foi levado pelos Einsatzgruppen à Bielorrússia para fuzilar judeus. Durante tais execuções, ele conta que os Alemães apenas se limitavam a vigiar o massacre e a darem o tiro de misericórdia aos que não estivessem ainda mortos.
Esse homem - que gostaria de pedir perdão a todos os pais cujos filhos ele matou - ~´e o único a reconhecer o seu protagonismo nos massacres. Mas a verdade é que, mesmo sem outras confirmações tão explicitas, os Alemães nunca teriam atingido tal dimensão de execuções se não contassem com esses apoios mais ou menos entusiasmados dos colaboradores locais.
Uma das testemunhas mais incómodas é a velha lituana, filha de um colaborador dos nazis, que recuperava os bens dos judeus depois deles terem sido assassinados. Rindo à gargalhada ela recorda o papel desses cúmplices que se encarregavam de levar as vítimas até à beira das fossas. Entre 1941 e 1944 cem mil judeus terão sido mortos nessa floresta de Ponary, bem perto de onde ela ainda vive!




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