sexta-feira, 26 de outubro de 2012

HISTÓRIA: quando o Apocalipse quase aconteceu


Há cinquenta anos o 27 de outubro também calhou a um sábado. Mas esse foi o dia em que o planeta escapou à justa a um apocalipse nuclear. Foi aquele que um conselheiro de John Kennedy classificaria de “o dia mais perigoso da história da Humanidade”.
Vistos à distância e lidos os documentos mais recentemente tornados públicos depois de cobertos pelo segredo de Estado, compreende-se que a guerra termonuclear teria causado dezenas de milhões de vítimas e destruído toda a civilização moderna.
Treze dias antes aviões espiões americanos tinham descoberto mísseis soviéticos instalados em território cubano a menos de 200 quilómetros das costas da Florida.
Pressionado pelos acontecimentos o presidente Kennedy lança um ultimato a Moscovo por interposição de uma alocução televisiva: ou Khroutchev retira essas armas da ilha de Fidel de Castro ou a guerra tornar-se-á uma inevitabilidade.
Enquanto o mundo fica em suspenso, os americanos avançam com o bloqueio naval à ilha das Caraíbas e põem bombardeiros B52 carregados de ogivas nucleares a sobrevoarem os céus europeus, apenas à espera do fogo verde da Casa Branca para as lançarem nas grandes cidades soviéticas.
Nessa contagem decrescente, os dois K’s sofrem pressões contínuas: o Pentágono incita  Kennedy a iniciar o ataque com a destruição dos mísseis antes deles levantarem voo, enquanto Khroutchev tem dificuldades em conter Fidel Castro , que acreditava piamente na inevitabilidade da agressão imperialista.
Pelo meio vão ocorrendo episódios menores - um avião americano, que entra no espaço aéreo siberiano ou um submarino soviético atacado com cargas de profundidade por navios americanos - que poderiam ter servido de gatilho para a decisão fatal.
Valeu ao mundo que, quer Kennedy, quer Khroutchev perceberam estar perante uma daquelas situações em que vale a pena apostar nas concessões como forma de salvar o essencial. E ambos recuam: os mísseis russos acabam por ser removidos e a Casa Branca compromete-se a não invadir  Cuba.
Mas, quem viveu esses dias teve a certeza de ser muito fácil provocar uma catástrofe se se põe um qualquer lunático a comandar um incomensurável poder militar.

Sem comentários:

Enviar um comentário