quarta-feira, 7 de novembro de 2012

POLÍTICA: A senhora muito piedosa que gosta dos cortes para os pobrezinhos


Nesta noitada em que esperamos a confirmação da vitória de Barack Obama e a retoma de um potencial de esperança, que ele já representou e deixou esmaecer, optei por ter o som cortado durante o debate da SIC Notícias, que reuniu Manuela Ferreira Leite, Rui Vilar e Isabel Jonet.
À partida é gente que não me apetece ouvir por não sentir por eles grande empatia. Mesmo pelo ex-presidente da Gulbenkian cujas entrevistas mais recentes me deram a imagem de um tipo de discurso redondo quanto à origem e às soluções para a presente crise.
Felizmente que, pelo facebook, o Daniel Oliveira (que mostra maior capacidade para aturar este tipo de inócuas discussões) informa os seus amigos do que a responsável pelo Banco Alimentar não teve pejo em assumir explicitamente: dos três, ela foi a única a defender os cortes nas despesas sociais pretendidos pelo governo. Comenta o conhecido jornalista do «Eixo do Mal»: E percebemos que, mesmo os melhores projetos de caridade, para os quais contribuímos com prazer, sofrem de um pecado original: a incapacidade de ver as razões profundas porque ainda são necessários. Ou, se formos mas cínicos, a vontade de continuarem a ser necessários.
Intimamente senti-me reconhecido por jamais me ter entusiasmado com tais campanhas para que contribuí por mera obrigação: há gente a quem dá muito jeito, que hajam pobrezinhos para se sentirem com direitos acrescidos para se irem sentar no paraíso celestial prometido pela sua religião.
No Irão existiam ingénuos que iam para a morte na frente da batalha contra os iraquianos com a promessa de irem ao encontro de milhares de virgens disponíveis para nelas darem vazão à sua libidinosidade.
Nas nossas senhoras piedosas, tão preocupadas em ajudarem os pobrezinhos, a promessa que as move é a libertação definitiva do tal Inferno a que poderiam ser condenadas pelos seus inconfessáveis pensamentos pecaminosos.

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