sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

DOCUMENTÁRIO: «Armadillo - «Na Armadilha Afegã»



Estamos em 2009, na província de Helmand, no sudoeste do Afeganistão. Um regimento de hussardos dinamarquês chega ao quartel de Armadillo, uma base operacional avançada da Força Internacional de Assistência e Segurança (ISAF) que, desde 2001, pretende estabilizar o país, enfrentando os talibãs.
Para muitos destes jovens voluntários, trata-se da sua primeira missão em cenário de guerra.
Tão só chegados Mads, Daniel e os amigos são convocados para uma operação nas cercanias do quartel para entrarem em contacto com os aldeões afegãos. Mas, mas semanas seguintes, à medida que se intensificam os combates contra um inimigo quase sempre invisível e que os feridos dinamarqueses vão-se sucedendo, tornam-se cada vez mais cínicos, aumentando o fosso com a população supostamente objeto do seu apoio.
Durante seis meses, o realizador acompanhou os recrutas de uma tropa de elite atirada para o conflito afegão. De forma direta, descreve a vida da caserna entre os rituais militares e os filmes pornográficos, a febre dos combates entre o sentido do dever, os sonhos de glória e o medo - estados de alma de jovens guerreiros, que parecem acabados de sair de um  jogo de computador, progressivamente acometidos de dúvidas e de sentimentos paranoicos.
Privilegiando uma montagem frenética e uma estética sombria, Janus Metz mostra, de uma forma tremendamente eficaz, a perda de sentido de realidade em determinadas situações limite, nomeadamente quando uma rapariguinha afegã é morta apesar de terem sido respeitados todos os protocolos operacionais.
Entrevistado sobre o seu filme, Metz considera que aprendeu sobretudo sobre o lado mais sombrio do ser humano. Vi até que ponto um homem pode ser violento. Não somente desumanizando todos quantos não tardarão a serem por eles mortos, mas também eles mesmos subitamente confrontados com a possibilidade de levarem por diante o crime. Esse mecanismo é particularmente percetível na cena da emboscada, que deu origem a um inquérito oficial. É a guerra, sabe-se que tais atos podem ser cometidos. Mas vêem-se esses soldados comportarem-se como animais - gritar, rir, saltar para o fosso, ficarem enojados, antes de finalmente conseguirem dar um sentido ao que fizeram.

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