segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

ARTES PLÁSTICAS: Yayoi Kusama


É uma das mais singulares artistas do nosso tempo por ser autora de uma obra de sucesso particularmente vistosa e de nós aqui desconhecida.
Nascida em 1929 em Matsumoto, perto de Nagano, Kusama cresceu numa sociedade de raiz patriarcal, aonde a precoce vocação artística foi muito mal entendida. A mãe, por exemplo, não conseguia compreender a necessidade de, através da pintura, ela exorcizar os efeitos dos seus distúrbios mentais. O que explicaria o tom anti machista, igualitário e provocador de toda a sua obra futura, assumidamente orientada para as exigências de liberdade e de justiça.
Tudo começou com alucinações, explica ela enquanto origem da sua obra. Tinha cerca de dez anos e, um dia, depois de ver na mesa uma toalha decorada de flores vermelhas, olhou para o teto e viu-as reproduzidas por toda a volumetria circundante. Ela própria, a exemplo do universo, estava decorada com essas mesmas flores vermelhas. Doravante, alimentará essa impressão de se ver integrada no cenário.
Nos anos 50 surgem as suas primeiras obras, constituídas por desenhos e aguarelas a reproduzirem temas recorrentes e oriundos das suas alucinações infantis.
Em 1957 troca o Japão pelos EUA e irá integrar-se nas escolas artísticas então aí dominantes: o psicadelismo, a pop art…
Com sucesso, já que as suas Infinity Net Paintings, expostas na Galeria Brata, valem-lhe novos e prestigiados convites para novas mostras da sua obra, entre as quais se destaca a que - One Thousand  Boat Show  - ocorre em 1964 na Galeria Gertrude Stein.
Em 1966 participa na Bienal de Veneza sem ser convidada e sem autorização, lançando com a ajuda de Lucio Fontana - que lhe emprestara o seu atelier nessa altura - mil e quinhentas bolas espelhadas para os canais. Regressará à Bienal em 1993, mas nessa altura enquanto representante oficial do Japão.
Em 1973 decide voltar ao país natal, ao confessar-se mentalmente esgotada. Quatro anos depois é internada num hospital de Tóquio, aonde são criadas condições para que continue a trabalhar com o apoio da sua equipa. Será já nesse novo quadro de vida que se virá a celebrizar com as suas instalações de espelhos, bolas encarnadas e brinquedos, no meio dos quais ela se coloca em cena. Mais recentemente dedicou-se a pinturas naïves em cartão.
Ao longo destes últimos quarenta anos, Kusama tem feito exposições um pouco por todo o mundo, mas realce-se de entre elas a retrospetiva apresentada há cerca de um ano no Centro Georges Pompidou. Nessa altura puderam-se apreciar cerca de 150 obras concebidas e concretizadas entre 1949 e 2010.

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