sábado, 20 de abril de 2013

Indie 2013: «É o Amor» de João Canijo


No ano transato o cinema português ficou sujeito a um «gaspacho» avant la lettre. E o autor dessa decisão - por muito que lhe tenha sido ditada de cima! - foi francisco José viegas, que jamais se livrará do ato de terrorismo cultural praticado sobre um setor que, com o êxito de «Tabu» em Berlim, estava em condições de conhecer um novo fenómeno de moda nos ambientes cinéfilos internacionais.
«É o Amor», filme de João Canijo apresentado no Indie, e a chegar em breve ás salas comerciais, só foi possível por ter havido um convite do Festival de Vila do Conde para integrar oprojeto de produção de filmes de curta-metragem associado à formação de alunos de cinema de uma escola local designada por «Estaleiro».
João Canijo começou por rodar uma curta-metragem sobre a “obrigação”, o termo com que as mulheres das Caxinas (Vila do Conde) designam as atividades de apoio em terra à pesca realizada pelos seus homens no alto mar.
Mas desse primeiro trabalho viu condições de produção e de financiamento para dar o salto para uma longa-metragem com outras características mais ambiciosas a que se associou a atriz Anabela Moreira, que foi viver cinco semanas para casa de uma das mestras para com ela criar a empatia necessária para assegurar a rápida filmagem subsequente.
O resultado é assaz estimulante, porque ao comportamento genuíno de Sónia - feliz à sua maneira com um quotidiano rotineiro baseado nos seus ritmos de trabalho, na ida à missa dominical, na música de Zézé Camargo e no amor ao marido e aos filhos! - contrapõem-se as dúvidas da atriz, sempre a contas com os problemas de identidade decorrentes dos papéis, que deve interpretar. E que a fazem invejar o dia-a-dia da anfitriã tão assumida nas suas inquestionáveis convicções. O que levou um amigo do realizador a crismar o filme de um oportuno «Persona na lota»!


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