sexta-feira, 3 de maio de 2013

HISTÓRIA: a Creta minoica terá sido a verdadeira Atlântida?


Anterior à Grécia Antiga, a primeira grande civilização europeia, fundada pela dinastia dos Minos em Creta, desapareceu brutalmente em circunstâncias misteriosas.
Ainda a construção do Parténon estava distante e já nessa ilha se recorria à escrita num propósito pioneiro até então desconhecido no nosso continente. Muito embora também ali sucedessem acontecimentos bem menos admiráveis como o foram os sacrifícios humanos, se não mesmo o canibalismo, que terão estado na origem da lenda sobre o monstro Minotauro particularmente guloso da carne humana ainda viva.
O documentário «A Civilização Engolida» de Harvey Lilley foi rodado em 2006 com a ajuda de diversos cientistas ( Sandy Macgillivray, Floyd McCoy, Hendrik Bruins, Costas Synolakis) e vê-se como se se tratasse de um filme policial em que importa esclarecer a razão de ser desse desaparecimento ocorrido há cerca de três mil anos, quando tal civilização era uma das mais avançadas dessa época designada como Idade do Bronze.
As escavações ali praticadas revelaram uma arquitetura avançada em que já existiam silos de cereais, bem como um ativo comércio marítimo com outros portos mediterrânicos aonde se disseminavam colónias dali governadas.
O arqueólogo canadiano Sandy MacGillivray esforça-se há mais de vinte e cinco anos por decifrar os muitos enigmas associados a tal civilização, o que serviu para se encantar com os frescos muito sofisticados e a ourivesaria delicada, que foi encontrando. E que lhe permitiram concluir numa evidência: os minoicos criaram uma verdadeira revolução artística, ao mesmo tempo que inventaram a pavimentação das suas “estradas” e o recurso à escrita vagamente semelhante à entretanto encontrada nas línguas indo-persas.
O empenho de Sandy McGillivray levou-o a descodificar muitos dos múltiplos códigos secretos dessa civilização e encontrar a explicação para a sua destruição, que esteve na base da inspiração do mito da Atlântida.
A estratégia à Sherlock Holmes levou esse arqueólogo a esclarecer a via mais consistente para sair do labirinto de hipóteses passíveis de serem levantadas sobre o sucedido.  Veio assim a concluir que, ao contrário do que tinha sido acreditado até então, o suposto Palácio do Rei Minos em Cnossos nada tinha de real, mas consistia afinal num templo dedicado ao culto do sol como o confirmam diversos detalhes arquiteturais.
Mas a investigação orientou-se, de facto, para as circunstâncias do declínio minoico. E, graças à colaboração de vulcanólogos, geólogos e especialistas em tsunamis, McGillivray consegue chegar à tese da explicação da catástrofe, dando-a como consequência da explosão do vulcão da ilha de Santorini, ocorrida precisamente há três mil e cem anos. Um acontecimento ainda mais intenso do que o ocorrido com o Krakatoa no século XIX e gerador de um  gigantesco tsunami da dimensão, se não maior do que o verificado pelas costas asiáticas no natal de 2004.
Enquanto espectadores somos convidados a acompanhar a progressão do trabalho dos diversos cientistas, que participam no esclarecimento e fundamentação dessa teoria, assistindo ora à sua perplexidade, ora ao seu entusiasmo, quando os indícios iam corroborando, de forma cada vez mais explicita, a razão de ser dessa hipótese de partida.
Constitui um bom corolário para o documentário de Harvey Lilley a recriação em imagens de síntese dessa lenta aproximação das costas minoicas da (ou das) onda(s) gigante(s) e do estupor impotente de quem viu destruído de um instante para o outro todo o seu modo de vida.

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