quarta-feira, 12 de junho de 2013

POLÍTICA: ser ou não ser do euro?

À partida fui dos que receberam com entusiasmo a adesão ao euro, prescindindo tão rapidamente possível do pensamento em euros. Julgava ingenuamente que estávamos no rumo irreversível para uma federalização europeia, que redundasse, a médio prazo, numa consagração dos Estados Unidos da Europa enquanto espaço alargado das liberdades reivindicadas pela Declaração Universal dos Direitos Humanos.
É claro que os factos sobrepuseram-se, fazendo-me compreender quão mesquinhamente nacionalistas se comportam muitos dos povos do norte do continente. Daí que, lentamente, e ouvindo argumentos de Daniel de Oliveira, João Ferreira do Amaral ou João Galamba, já me questione quanto à possibilidade de regressarmos ao escudo a curto/médio prazo.
Mas, porque todas as opiniões merecem ser atendidas nesta altura de incerteza quanto à bondade de uma ou de outra decisão, retenho aqui a expressa por Vieira da Silva, ex-ministro no governo de José Sócrates, quanto ás razões para não sairmos da moeda única.
O texto foi inserido na edição de maio do Le Monde Diplomatique e conta entre os seus extratos mais significativos o que se segue:
A minha convicção alinha com aqueles que consideram que os riscos de abandono são tremendos. Por várias ordens de razão:
O otimismo acerca da disponibilidade dos poderes europeus para aceitarem ou até participarem numa “saída ordenada” parece-me algo ingénua, especialmente face aos riscos sistémicos que a mesma comporta;
Não me parece crível que, numa ótica de médio e longo prazo, a possibilidade de uma desvalorização cambial competitiva garanta a sustentação do crescimento e da elevação dos níveis de emprego e de bem estar;
A perturbação económica e social do período de transição para o regresso a uma (relativa) autonomia cambial e monetária é, pelo menos com a informação disponível, difícil de avaliar na sua dimensão e efeitos.
Em suma, estamos numa daquelas situações em que nem parecemos viver dentro do euro, nem fora dele. A realidade dos próximos meses se encarregará de dissipar esse aparente impasse.


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