sexta-feira, 16 de agosto de 2013

FILME: «Desafio Total» de Len Wiseman (2012)

Chego à conclusão que não consigo sentir empatia por filmes de ação, que remetem para conceitos estéticos e narrativos, que devem mais aos jogos de computador do que ao tipo de cinema, que sempre apreciei.
Decidi, porém, encarar de espírito aberto o remake de «Total Recall», que vira há duas décadas, e era uma das traduções ambíguas do universo ficcional do Philip K. Dick.
Afinal o autor de «Ubik» é um dos que elejo como dos mais estimulantes na concetualização de hipóteses consistentes de evolução civilizacional. Mas tenho de reconhecer o meu desagrado com o filme de Len Wiseman, porque apela à nossa complacência com cenas de uma verosimilhança mais do que duvidosas e excede-se em tiroteio e explosões. Aonde gostaria de encontrar cenas mais intimistas onde fossem exploradas as premissas filosóficas dickianas, encontra-se a lógica do action! Action! Action!
Ora, a novela de Dick levantava questões muito interessantes, só aqui tratadas de raspão: até que ponto somos nós ou uma representação que elaboramos ou nos elaboraram? Até que ponto temos capacidade para impor a nossa identidade, quando são múltiplas as imposições para que nos adaptemos ao que outros querem que sejamos? Como podemos olhar para o lado e confiar em quem julgamos comungar as nossas ideias e ambições?
Alguém disse tratar-se de um filme de série B e concordo: não lhe podemos exigir mais do que aquilo que voluntariamente, procura!


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