domingo, 18 de agosto de 2013

POLÍTICA: e os jovens, aonde estão?

Tenho uma boa desculpa para só agora ter visto em reposição a entrevista do programa «O que Fica do que Passa» a Raquel Varela em 31 de maio transato, quando as redes sociais se agitaram com as opiniões parvas do puto Martim. Nessa altura estava fora do país para a fascinante experiência de me ver promovido pela primeira vez à categoria dos avós. Vistas agora À distância as declarações da historiadora continuam a ter uma pertinência acutilante. Porque identifica os anos mais recentes como os de uma regressão social preocupante com as pessoas a não conseguirem fazer projetos de vida com a precariedade a que são sujeitas nos empregos, que vão conseguindo arranjar e nos quais as remunerações estão quase sempre muito aquém do patamar da mera sobrevivência.
Quando o salário mínimo foi estabelecido logo após a Revolução de Abril o seu valor correspondia objetivamente ao necessário para ter acesso a uma vida digna em que se pudesse alimentar convenientemente e satisfazer as demais necessidades básicas relacionadas com a saúde, a educação e a habitação.
Desde então o valor em causa tem-se desvalorizado de tal forma que é insuficiente a luta dos sindicatos ou dos partidos mais à esquerda para o aumentarem em 10 ou 15 euros. Para retomar o objetivo inicial ele deveria ser incrementado para valor bastante superior.
Mas outro aspeto importante da entrevista é quando Raquel Varela refere a necessidade de se recorrer a uma lupa para encontrar jovens com menos de 25 anos nas manifestações contra o governo. Como se não fossem eles uma das gerações mais causticadas pela austeridade militante, que tenderá a impedi-los de prosseguirem estudos universitários (cada vez mais proibitivos nos seus custos!) ou chegar ao mercado do trabalho. É singular constatar uma maior mobilização dos reformados e pensionistas do que dessas camadas juvenis, outrora tão fundamentais na contestação ao Estado Novo ou em lançar movimentos internacionais da dimensão do maio de 68.
É por isso que, embora desejando a disrupção social liderada por indignados decididos a relançar a esperança num mundo mais justo, a historiadora não se compromete quanto à previsão se ela conseguirá sobrepor-se a todas as estratégias do capitalismo para a impossibilitar criando multidões conformadas e silenciosas!


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