sexta-feira, 4 de outubro de 2013

POLÍTICA: a banalidade do mal também mora aqui!

Agora que já chegou aos ecrãs de Lisboa e do Porto o filme biográfico de Margarethe von Totta sobre a personalidade de Hannah Arendt, vale a pena resgatar a sua expressão relativa à “banalidade do mal” para - mesmo extraindo-a do seu específico contexto - a aplicarmos à situação atual.
Recordei essa expressão, quando vi o irrevogável paulo e a falaz marilú a tecerem loas às avaliações da troika e à suposta inflexão do rumo da economia e das finanças nacionais na direção do desastre.
Na boca de alguém que levou quatro dias a dar um novo sentido a uma palavra, que julgáramos conter uma decisão irreversível, e da da sua parceira de mistificação, que se revelou de uma indignidade tamanha, que saneou colegas de (des)governo por terem cometido faltas tão graves ou até menores que as suas na contratação de swaps, a credibilidade do discurso do sucesso da estratégia austeritária vale o que vale.
Mas a expressão de Hannah Arendt faz sentido por não se compreender como foi possível à direita, coligada com os comunistas, os bloquistas e uma comunicação social de deontologia mais que duvidosa, demonizarem José Sócrates por casos para os quais jamais encontraram a mínima prova, e, agora, situações bem mais graves devidamente comprovadas, não merecerem idêntico tratamento.
Nos períodos em que os socialistas eram governo, bastavam indícios de comportamentos menos éticos - vide o sucedido com Armando Vara ou com Manuel Pinho - para que os visados tivessem a hombridade de se demitir.
Agora o país parece assistir impávido e sereno às relapsas “inverdades” de machete, às mentiras e estranhos extravios de documentos (depois encontrados sem explicações consistentes!) de marilú e às ridículas atitudes de portas, igualmente poupado na suspeita história dos submarinos, como se fossem de uma absoluta banalidade.
A ética republicana é coisa estranha a essa gente. E, por isso mesmo, estamos carecidos de uma vigorosa barrela, que não só varra tanto lixo para o caixote respetivo, como devolva aos portugueses a capacidade de se indignarem com o que não corresponda às virtudes esperadas em quem está comprometido com o serviço público.


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