quarta-feira, 23 de outubro de 2013

POLÍTICA: pode-se criticar o presidente?

As apreciações sobre cavaco silva, que Isabel Moreira fez no facebook, fizeram espumar de raiva algumas almas piedosas da direita, que logo as quiseram utilizar como motivo de auto-de-fé da deputada socialista. Criticar o presidente seria tão ofensivo como cometer um crime de lesa-Pátria.
Nas redes sociais, e até em supostos jornais de referência, o assunto foi abundantemente comentado, quiçá na expectativa de ter uma remake do episódio do «palhaço», que chegou a intimidar Miguel Sousa Tavares o suficiente para se desculpar.
Vale a pena recordar um ditado, que esteve recentemente muito em voga a respeito do pedido de desculpas de rui machete à clique dirigente angolana: “quem não se dá ao respeito, não é respeitado!”
Ora cavaco tudo tem feito para merecer o maior dos desrespeitos da maioria dos portugueses, que NÃO votaram nele para presidente da República.
Nos sete longos anos de exercício de poder presidencial sempre foi o representante de uma fação minoritária,  escusando-se a cumprir os seus deveres como presidente de todos os portugueses e em fazer cumprir a Constituição. Aliás, no texto verberado pelos ofendidos cavaquistas, Isabel Moreira apontava esse mesmo pecado original: “quando o Presidente, sentado ao lado do primeiro-ministro, dá a entender que o Orçamento pode ter inconstitucionalidades mas vai promulgá-lo, o que está a dizer é: ‘Juro defender o Orçamento do Estado apesar das inconstitucionalidades”.
Por isso cavaco ficará inevitavelmente como o pior de todos os presidentes com que contou a III República Portuguesa, co-responsável da crise económica e social conhecida pelo país, e sobretudo conotado com interesses obscuros relacionados com o BPN, cuja verdadeira dimensão será deslindada por historiadores futuros, já que a Justiça parece manietada para cumprir devidamente o seu papel esclarecedor.
Embora aparentemente menor, este episódio merece a devida atenção. Porque, confrontada com os seus labirintos, esta direita perante a longa travessia do deserto a que merece ser condenada, reage excessivamente a tudo quanto antes - quando se sentia toda poderosa - não lhe mereceria tamanha atenção.


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