sexta-feira, 29 de novembro de 2013

POLÍTICA: a luta de classes respigada no facebook

As privatizações dos Estaleiros de Viana e dos CTT já não são apenas decisões políticas polémicas, mesmo que legitimadas por razões ideológicas. Apesar de afiançar a superioridade da gestão privada sobre a gestão pública - uma das falácias mais absurdas, mas mais espalhadas por quem ganha com a mentira! - o (des)governo de passos coelho já não se livra da suspeita de existirem razões para poder vir a ser acusado de crime contra o interesse nacional.
Os CTT dão lucros bastantes para que essas mais valias possam reverter para a minimização dos encargos dos contribuintes com o imprescindível Estado Social. Agora, passos & Cª querem transferir esses lucros para os bolsos de interesses privados, que pagarão a pataco uma empresa condenada a prestar pior serviço à população para maximizar os dividendos dos seus futuros acionistas. Muito em breve iremos ver alguns dos membros da «nomenklatura» laranja e do CDS a recolherem para si mesmos os primeiros lucros pessoais do esbulho sem escrúpulos dos interesses coletivos.
No caso dos Estaleiros de Viana do Castelo basta fazer as contas que Tomaz Vasques nos propõe na sua folha do facebook: este governo vai pagar 30 milhões de euros de indemnizações para despedir os mais de 600 trabalhadores do Estaleiros de Viana do Castelo, de modo a privatizá-los por uma renda de 415 mil euros por ano. Com a capitalização de juros, nem com as rendas dos próximos 10 anos o Estado recebe o que paga agora.
Se isto não é crime económico, não sei o que será!!!
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A historiadora Raquel Varela fez-nos reparar na incorreção de uma notícia do «Público» de hoje, que atribuía ao frio dos próximos dias a forte probabilidade de um aumento de problemas de saúde na população, nomeadamente no respeitante a mortes por pneumonia.

E conta-nos como, há já alguns meses, questionara uma médica se tais mortes se deveriam efetivamente à falta de medicamentos:  Ela, para minha surpresa, respondeu-me que sim mas que, para além disso, se deviam provavelmente à fome - os portugueses, mesmo que obesos, têm falta de nutrientes dados pelos legumes, fruta fresca, peixe e carne e isso tem, segundo ela, um efeito debilitador do sistema imunitário. Portanto a «ajuda» do FMI é indispensável para uma parte dos portugueses morrerem de fome e de ausência de aquecimento.
Infelizmente não é preciso ir ao pasquim matinal do grupo Covina para encontrar exemplos de um jornalismo duvidoso, que escamoteia as verdadeiras razões dos factos por si abordados. De facto, nos próximos dias, quando ouvirmos notícias sobre as mortes provocadas pelo frio, bem podemos repetir a consagrada fórmula: «It’s the economy, stupid!».
Pelo menos a economia tal qual é implementada por esta direita que nos (des)governa.
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Em viagem pelo antigo bloco soviético, Sérgio Sousa Pinto explica as razões do previsível fiasco dos manifestantes que, em Kiev, reivindicam a aproximação da Ucrânia à Uniao Europeia e que, em Bruxelas, já é dada como certa! Para o deputado socialista a culpa do inevitável alinhamento do regime liderado por Viktor Yanukovytch  com a Rússia de Putin só pode ser atribuída à miopia da estratégia europeia de angela merkel: Embrulhada na crise do Euro, a esfolar o sul "resgatado" em obediência ao diktat dos credores, sem uma comissão independente e relevante para afirmar o interesse comum, e rendida à liderança do mercantilismo alemão, a Europa, prestes a perder o Reino Unido, disfarça mal a sua decrepitude. Bem podem acusar a Rússia de forçar a mão aos vizinhos. A Rússia oferece energia, um mercado enorme e menos competitivo, com taxas de crescimento superiores às europeias. E oferece outra certeza: vai continuar. O mesmo não se poderá dizer hoje, com a mesma segurança, da Europa unida.
Por tudo quanto está a acontecer , quer interna, quer externamente, faz todo o sentido subscrever o que Alexandre Rosa escreveu: Alguma coisa tem que acontecer. O que está em causa é mesmo acabar com um sistema que é o responsável pela crise que hoje vivemos. Isto não se resolve com contabilistas e com quem se recusa a olhar para a floresta insistindo em pensar que o problema esta numa árvore doente.


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