sábado, 25 de janeiro de 2014

POLÍTICA: Os nossos patéticos inimigos públicos

Os jornais são pródigos em fait divers, que comportam um significado muito mais profundo do que denotam a uma primeira leitura. Por exemplo apareceu agora a notícia de uma tentativa falhada de assalto a uma agência bancária de Vila Nova de Gaia.
Protegido por um cachecol, que lhe escondia a cara, o assaltante decidiu dar um tiro para o ar com a arma, que trazia na mão, ciente de assim apressar a operação.
No entanto, para espanto dos funcionários e dos clientes que, então, ali se encontravam, ele escapuliu-se assustado com o som da própria arma.
À primeira vista a história faz-nos rir, lembrando-nos um dos primeiros filmes de Woody Allen («O Inimigo Público»). Mas, saindo desse registo de comédia, é lícito questionarmo-nos sobre a personalidade desse assaltante solitário.
Que desespero o terá conduzido a um ato completamente às avessas de tudo quanto fizera até aí? Quantas pessoas da sua família contava aliviar das necessidades extremas por que passam mediante um plano mais fácil de concetualizar do que de concretizar?
Nos dias de hoje o desespero vai assumindo muitas formas em Portugal: há os que partem para a ilusão de um futuro melhor no estrangeiro, há os que se matam e começam a aumentar os que enveredam por formas de violência, que só tenderão a aumentar…
E não precisam de ouvir Mário Soares ou o Papa Francisco para optarem por essa via…


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