terça-feira, 18 de março de 2014

DOCUMENTÁRIO: «Susan Sontag, uma diva comprometida» de Birgitta Ashoff (2010)

É certo que já apreciara as posições de Susan Sontag contra a guerra do Vietname ou contra a bravata americana no Iraque. Porém, quando a vi do lado dos bósnios na guerra subsequente à implosão da antiga Jugoslávia colei-a ao oportunismo de uma Jane Fonda ou de uma Joan Baez que, depois de posições políticas bastante incisivas, não hesitaram em enveredar por posições mais de acordo com o establishment dominante.
Ainda hoje entendo que, a exemplo da queda do muro de Berlim, os cidadãos europeus nada ganharam com a destruição da federação em tempos liderada pelo general Tito.
Mas, agora que se passaram tantos anos e Sontag já desapareceu há dez, o meu juízo amaciou-se. Porque ilustrando o verdadeiro espírito do ideal iluminista do século XVIII - o do «homo universalis» - a intelectual norte-americana quis tudo conhecer e em tudo decidiu tomar posição. Com os riscos de acertar numas e errar noutras das suas posições. Mas essa era decerto a sua maior qualidade: o desassombro com que se colocava num dos lados da trincheira, que decidisse adotar como teste à sua coragem e à sua vontade em mudar o mundo de acordo com a sua visão idealista.
E acabam por ser estas as pessoas que, hoje, nos fazem tanta falta, rodeados que estamos de gente abúlica, sem estamina para partir ao assalto dos modernos Palácios de Inverno...


Sem comentários:

Enviar um comentário