quinta-feira, 6 de março de 2014

DOCUMENTÁRIO: «A Volta ao Mundo na perspetiva das aves» de John Downer (2012)

Nos últimos anos a produção cinematográfica e televisiva de documentários sobre a natureza tem-nos surpreendido com filmes impressionantes quer quanto à beleza, quer quanto aos recursos técnicos neles investidos. Muitas vezes justifica-se a pergunta: como será que o realizador terá conseguido captar tal cena?
Esta Volta ao Mundo proposta por John Downer justifica esse deslumbramento não só por imagens de uma superlativa beleza de diversas regiões do planeta, mas por nos surpreender com algumas de causar espanto como foi exemplo o bailado das raias gigantes a saltarem sobre as águas da costa da Baixa Califórnia.
Nas quatro estações do ano as equipas de filmagem seguiram as grandes migrações das aves pelos cinco continentes. Graças a tecnologias de ponta (câmaras colocadas nos animais, drones, helicópteros sofisticados) e sobretudo a pássaros adotados desde o momento da sua eclosão do ovo, puderam acompanhar os seus longos voos.
Da América do Norte à Europa passando pela África Oriental, na Amazónia e no Grande Norte, eis-nos embarcados no rasto dos gansos das neves, dos abutres das andorinhas, das águias, das araras, dos flamingos.
As câmaras chegam a voar a nove mil metros de altitude para desvendar novas e maravilhosas perspetivas das paisagens da Terra: os pântanos da camargue, o Grande Canyon, os campos de tulipas na Holanda, o vale do Grande Rift, etc.
Mas nunca nos deixam dissociar da vida quotidiana dos pássaros, que empreendem enormes viagens para se irem reproduzir aos mesmos locais onde em tempos nasceram.
Se o documentário celebra a natureza nas suas manifestações mais espetaculares - a imagem esplendida de dois milhões de flamingos num lago do norte do Quénia, por exemplo, também nos desvenda a vida social das aves. Entre as características com ela relacionadas avulta a solidariedade - ou melhor a associação em função dos interesses comuns - entre os gansos patolas e os golfinhos, que conjugam talentos para desorganizarem os cardumes compactos de sardinhas e assim torna-las mais fáceis de capturar.
Mas também existem os casos de crueldade revoltante:  as dos abutres e leões a identificarem vítimas potenciais a serem por ambos aproveitadas ou a tortura a que são sujeitas as focas bebés pelas orcas, que as vêm caçar à praia.





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