domingo, 30 de março de 2014

POLÍTICA: A dor da gente não vem no jornal

Esta semana tive de recorrer à powerbox para ver o comentário semanal de José Sócrates já que não encontrei em nenhum sítio a notícia da sua antecipação para sábado «por razoes de programação».
Poderei estar a ser injusto mas o ocorrido na semana transata com José Rodrigues dos Santos e esta súbita alteração do dia da emissão da opinião do anterior primeiro-ministro parece reiterar a suspeita de existirem intenções de o silenciarem depois de frustrada a intenção dos que julgavam poder utilizá-lo contra a atual direção do PS.
Mas se esse comportamento para com José Sócrates chega a ser indecoroso, ele tem-se manifestado igualmente para com outros comentadores, sobretudo da área da esquerda, que são particularmente malquistos pelos atuais detentores do poder. Haja então um “argumento de peso” como o futebol ou um qualquer espetáculo de variedades e eis os diretores de programação das várias televisões e a preterirem aqueles que buscam informação e comentário substantivo contra o atual estado das coisas.
Tome-se, por exemplo, o caso de Augusto Santos Silva que, às terças-feiras à noite costuma interpretar a realidade com a sua inteligência sibilina no «Politicamente» da TVI24, umas vezes às dez, outras vezes às onze, ou muitas outras a hora nenhuma, porque há quem o considere preterível por uns broncos, que se entretêm a comentar os lances mais anódinos de um qualquer obscuro jogo de futebol, dando-se a si mesmos importância dissonante da sua inocuidade.
Ou ainda, e por opção semelhante, o que se passa semanas a fio na SIC Notícias com a «Quadratura do Círculo» marginalizada para as duas da madrugada de sexta-feira.
Comparece-se com os marcelos, os marques mendes ou os morais sarmento nunca sujeitos a essas súbitas “mudanças de humor” dos programadores dos respetivos canais!
Não é que seja propriamente uma novidade para os mais atentos, mas o direito constitucional à liberdade de imprensa está convertido no do condicionamento da divulgação das informações àquilo que os donos dos jornais, das rádios e das televisões pretendem filtrar para os seus leitores e espectadores. Sendo esses mesmos donos os que vão beneficiando com o empobrecimento da maioria dos portugueses, membros que são da pequena elite em vias de ainda mais enriquecer!
E, no entanto, haveria tanto que contar sobre as injustiças quotidianas suportadas por esses, que são cada vez mais considerados como números estatísticos e raramente como pessoas concretas de (cada vez menos) carne e osso...mas, como cantava o Chico Buarque, “a dor da gente não sai no jornal “


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