sábado, 15 de março de 2014

POLÍTICA: fanático, salazarento … e mentiroso!

O Manifesto das 74 personalidades, que continha o pedido de reflexão sobre a urgente reestruturação da dívida pública, parece estar a ser secundarizado por outras notícias, que se lhe vêm sobrepor em pertinência quanto à sua atualidade.  E é precisamente isso, que pretendem passos coelho e os seus apaniguados, sobretudo quantos se vêem e revêem nas ideias requentadas publicadas nos jornais económicos.
António Costa dizia-o esta semana na «Quadratura do Círculo»: daqui a uma década será objeto de estudo esta fase histórica em que conceitos macroeconomicamente errados - como tantos estudos e análises já o demonstram! - ganharam tanto apoio político e mediático e terão causado tanto sofrimento a milhões de europeus.
No caso do documento, que tanta celeuma causou durante a semana, ele veio já demonstrar duas conclusões óbvias:
· o fanatismo dos salafistas da austeridade a qualquer custo atingiu tal dimensão, que disparam antes de mesmo de saberem contra o quê.  Neste caso, quer passos coelho, quer pires de lima decidiram emitir juízos, no mínimo deselegantes, contra os subscritores do documento sem sequer saberem o que ali se propunha. Como escrevia Rui Bebiano no facebook: Não o posso provar, mas ninguém me tira da cabeça que uma grande parte dos membros do governo e jornalistas de economia que anda por aí a espumar e a gritar impropérios contra o "manifesto dos 70" nem sequer o leu atentamente. É que ele não propõe aquilo que dizem que propõe. Não sugere minimamente um "não pagamos". Mas é difícil pedir moderação e cabeça fria a alguém apostado em investir a direito contra uma parede.
· apesar  de muitos terem considerado exagerada a comparação de António José Seguro segundo o qual a política governamental estava a parecer-se cada vez mais com a dos tempos do salazarismo, a realidade vai-lhe dando razão: à medida que vai ficando isolado do conjunto da sociedade, passos coelho reage como o ditador, que acoita na sua mente, e tenta sair do bunker em que se vê cada vez cingido. Como comentava Manuel Alegre: Antigamente nunca era oportuno. Quem discordasse do governo era comunista. Quem se opusesse à guerra colonial era traidor à Pátria. Quem, no exílio, criticasse o regime e defendesse a liberdade era acusado de calcar a bandeira nacional. Eis que ressurgiu uma linguagem que parece vinda do passado. E o poeta dava como outro exemplo lapidar desse estilo fascizante de pensamento o de paulo rangel, cujo discurso, à falta de argumentos, é cada vez mais o da excomunhão de quantos não pensam como ele.
Em passos coelho temos, pois, o fanatismo, o ideário fascista e, inevitavelmente, a mentira crapulosa. Quem julga ele enganar quando nega a intenção de afrontar cavaco silva a propósito do veto político por este emitido a respeito do aumento das quotizações para a ADSE? Aonde estão aqueles que, em tempos, quiseram associar José Sócrates à figura de Pinóquio? Quer sejam de direita ou seguidores do inefável Mário Nogueira, sentir-se-ão de boa consciência por terem insultado a sua própria inteligência com uma comparação que, agora sim, faz todo o sentido?
A propósito deste episódio fiquemo-nos com a habitual inteligência humorística de António Costa Santos que, o comentava num oportuno post: "Governo afronta Cavaco", ui que frisson, temos conversa para o fim-de-semana. Quando o Dupond e o Dupont dão turrinhas, é sempre uma grande emoção. A gente até se esquece de que, concordem ou discordem, o efeito é o mesmo: estamos lixados. Estou tão ansioso para saber no que isto vai dar que até me custa ir pôr o lixo, não vá haver notícias entretanto. Acumulo mais um dia e despejo tudo junto, está decidido.


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