segunda-feira, 10 de março de 2014

POLÍTICA: os mitos sobre o empreendedorismo

Dois doutorandos da Universidade de Coimbra - Adriano Campos e João Soeiro - estão a desenvolver uma tese sobre empreendedorismo, que a jornalista do «Público» Ana Cristina Pereira foi conhecer.
Do seu interessante texto, publicado na edição de 9/3, podem-se concluir alguns tópicos, que abrem o apetite para o conhecimento mais aprofundado desse trabalho:
· o discurso sobre empreendedorismo parte de um diagnóstico determinista: a passagem de uma era de emprego para uma era de trabalho;
· o “espírito empreendedor” é definido como uma mistura de criatividade, iniciativa, flexibilidade, independência, tolerância à incerteza, capacidade de assumir riscos, sentido de liderança, que faria do empreendedor uma espécie de super-homem.
· esta “conceção  individualista e comportamental na abordagem dos problemas sociais, como o desemprego e a pobreza, está a contaminar as políticas sociais”.
· O trabalho ganhou um estatuto de única forma de respeitabilidade social”. Apesar de não haver emprego, toda a gente tem de trabalhar.
Mas a conclusão mais interessante tem a ver com a contestação da tese segundo a qual haveria uma correspondência entre o empreendedorismo e as economias mais avançadas: Ter muita gente a trabalhar por conta própria nem sequer é um indicador de desenvolvimento. “É nos países mais pobres que há mais autoemprego”. É que “há menos planeamento, menos capacidade de investimento, menos concentração e massa crítica”.
Dúvidas? Atenhamo-nos, então, nos seguintes exemplos: no Gana, 67% da população ativa, no Bangladesh 75%, na Noruega 7%, nos EUA 9%.


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