domingo, 20 de abril de 2014

POLÍTICA: Os fenómenos de alienação, que ainda impedem o barril de pólvora de explodir!

Num domingo em que um acontecimento futebolístico é razão bastante para silenciar a voz de José Sócrates (mas não a de marcelo rebelo de sousa!) faz sentido regressar ao «Eixo do Mal», transmitido na SIC Notícias e em que o Daniel Oliveira salientou duas conclusões a respeito da entrevista dada por passos coelho a gomes ferreira:
· parece ser “normal” neste país, que as entrevistas confrontacionais fiquem reservadas para o antigo primeiro-ministro enquanto para o atual se mostre a “conveniente” subserviência;
· parece ser hoje “normal” para passos coelho, que os mandatos conferidos pelo eleitorado sejam “sagrados” e se tenha esquecido disso mesmo há três anos atrás quando achou por bem cercear o do governo Sócrates, quando ele ainda nem a meio ia;
Enfim, ainda nada de “anormal” num país onde o primeiro-ministro mente descaradamente com todos os dentes, inventa uma “novilíngua” para fazer passar as velhas receitas neoliberais (despedimentos, cortes de salários e de pensões, redução de serviços públicos, etc.) e garante bons negócios aos relvas, que pululam à sua volta.
Perante o aparente impasse, que somos obrigados a suportar, vale a pena referenciar outro programa moderado por Nuno Artur Silva («Nas Nuvens», no canal Q) para regressar a uma das razões mais insistentemente glosadas sobre o travão a tão necessária mudança: o da  passividade dos jovens, que fazem tanta falta nas manifestações de rua ou nas greves e parecem abundar nas excursões de finalistas às noites ébrias do sul de Espanha ou a abanarem os “capacetes” em uníssono nos concertos de grupos e cantores, que se escusam - quase todos - a passarem uma mensagem política.
No programa em causa a escritora Dulce Maria Cardoso explicava como sendo um dos seus temas de eleição o do que é necessário fazer para se pertencer a um grupo e escolheu o caso do Meco como exemplo lapidar dessa especificidade comportamental. É por esse desejo de pertença que se aceitam os rituais sadomasoquistas das praxes apesar das humilhações e das dores físicas ou se vai para concertos onde se replicam os movimentos dos outros aos sons, que as bandas emitem. Sem qualquer sentido crítico nem outro objetivo, que não seja o da fruição do momento.
Que diferença em relação aos seus antecessores que aderiam a partidos e ideologias com o objetivo de mudarem o mundo e fazê-lo mais justo!
Ainda assim, dá para crer que estamos a concluir um ciclo de apatia juvenil, que depressa se transformará em algo de totalmente diferente como já começa a acontecer noutras latitudes. Afinal esses jovens que nunca se preocuparam grandemente com as questões sociais porque as mesadas generosas não lhes faltavam para os prazeres mais imediatos, começam a confrontar-se com a forte probabilidade de viverem as carências inerentes a faltarem empregos, quer aqui, quer nos países para onde muitos conseguiram por ora uma solução, e terem os pais a fazerem cada vez mais contas à sobrevivência básica, seja porque também perderam os empregos, seja porque ainda se tornaram mais mal pagos do que o eram antes. Tudo isso está a contribuir para o barril de pólvora de onde se vai aproximando a mecha pela própria impossibilidade dos avós a manterem relativamente distante com as suas ajudas, tornadas inviáveis pelos sucessivos cortes nas pensões.
Por muito que passos coelho e os seus comparsas julguem que as coisas tenderão a continuar como são, não parecem adivinhar quanto têm semeado as futuras searas vermelhas do descontentamento que tenderá a virar do avesso a distopia por eles almejada...


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