terça-feira, 6 de maio de 2014

FILME: «ATO DE MATAR» de Joshua Oppenheimer

Indonésia, outubro de 1965. O general Suharto apossa-se do poder através de um golpe de Estado. Começa então um dos mais terríveis genocídios do século XX: de Sumatra ao Bali, tropas paramilitares com delinquentes e cidadãos vulgares lançam-se numa orgia sangrenta, torturando e massacrando todos quantos desconfiam serem comunistas ou emigrantes de origem chinesa.
As vítimas poderão ter chegado aos três milhões de pessoas, muito embora ninguém afiance um número concreto, porque esse massacre nunca foi estudado.
Os seus autores ainda hoje se vangloriam dos seus atos, sendo considerados como heróis por uma parte significativa da população indonésia.
O cineasta norte-americano Joshua Oppenheimer encontrou esses assassinos e face à câmara eles explicam como levaram a efeito esses assassinatos, sem mostrarem o menor remorso.
Oppenheimer confessaria depois que a maior dificuldade que sentiu durante a rodagem deste filme foi a de reprimir o seu sentimento de horror. Tanto mais que muitos dos seus familiares tinham sido vítimas do Holocausto.
O seu filme seria nomeado para o Óscar do melhor documentário e tem estado em exibição num cinema de Lisboa. Vê-lo constitui um imperativo cívico, porque é praticamente a única forma de homenagearmos as vítimas e condenarmos os carrascos.
No início do filme uma legenda dá-nos a informação básica e mostra-se comedida no cálculo das vítimas:
Indonésia 1965: um golpe de Estado militar derruba o governo. Os que se opõem à ditadura militar arriscam-se a serem acusados de comunistas, sindicalistas, camponeses sem terra, intelectuais ou Chineses.
Em menos de um ano, e graças ao apoio dos governos ocidentais, foram massacrados mais de um milhão de “comunistas”.
O exército recorreu a unidades paramilitares e a gangsters para perpetrar esses massacres.
Esses homens ainda hoje estão no poder  e continuam a perseguir sem qualquer escrúpulo os que se lhes opõem.
Quando encontrámos os assassinos eles contaram-nos as suas proezas com orgulho. Para compreendermos porquê pedimos-lhes que encenassem os assassinatos que cometeram.
O filme documenta esse processo e as suas consequências.



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