segunda-feira, 19 de maio de 2014

FOTOGRAFIA: Nan Goldin e o fascínio pela infância

Em criança, a americana Nan Goldin tinha uma ambição, no mínimo, estranha: tornar-se numa «junkie». Mas, afinal, foi para a fotografia, que acabou por se orientar: quando o seu álbum de diapositivos «A Balada da Dependência Sexual» foi publicado, ela tornou-se na cronista de todos os excessos.
A sua obra mais recente, acabada de publicar - o álbum «Eden and After» - nada tem a ver com o tipo de fotografias a que ela nos habituou com drag queens, doentes da Sida ou toxicodependentes, que lhe valeram uma reputação internacional a partir dos anos 80.
Desta feita são as crianças a estarem no centro da sua atenção. Mostrando-as num universo encantatório que cristaliza as nostalgias.
Opção singular para quem conheceu uma infância sem nada de paradisíaco, sobretudo com o suicídio da sua irmã mais velha. Uma possível razão para, depois, se ter entregue à dependência da heroína e do álcool e ter encontrado uma espécie de segunda família junto de travestis, toxicómanos ou homossexuais, muitos dos quais veria igualmente morrer nos anos seguintes.
Surpreende, pois, que a artista, conhecida por dar algum glamour às drogas duras, se tenha agora virado para a infância como se fosse uma espécie de paraíso perdido. Ou, sobretudo, por ter chegado a altura de lamentar nunca ter sido mãe...


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