terça-feira, 1 de julho de 2014

HISTÓRIA da 1ª GUERRA MUNDIAL: A presença dos imperialismos

Entre 1780 e 1805 iniciou-se um novo ciclo histórico definido pelo desenvolvimento industrial das nações. A Inglaterra ganharia então um excecional avanço, já que, a meio do século XIX, o seu poderio igualava o de todos os outros países em conjunto.
Ainda assim notava-se uma diferença em relação ao que se passaria com os Estados Unidos no século XX, já que enquanto este se foi distanciando de todos os outros países ao longo desse período, a Grã-Bretanha novecentista foi vendo essa distância diminuir década após década. É que nasceram outras nações industriais, capazes de crescerem e prosperarem sem se deixarem dominar pelos ingleses: primeiro a França e a Bélgica, logo seguidas pelos Estados Unidos, pela Rússia, pelo Japão e pela Alemanha. Esta última, unificada em 1871, foi obrigada a recuperar de um enorme atraso em relação ao resto da Europa. Esse desafio foi de tal monta, que teve de superar os protecionismos das nações concorrentes quanto aos seus fornecedores de matérias-primas. A consequência foi a concentração exagerada da sua indústria e uma tecnocracia muito perigosa.
Em vésperas da Primeira Guerra a produção siderúrgica alemã superara a inglesa, mas estava condicionada pelas fontes de matérias-primas baratas e pela dificuldade em encontrar mercados para onde escoar os seus produtos. Explica-se assim a urgência alemã em criar o seu próprio Império Colonial, olhando com avidez para o que Portugal possuía em África.
Na Alemanha crescia o ressentimento pelo medo, rivalidade e egoísmo das outras potências concorrentes face à qualidade dos seus produtos industriais.
A Inglaterra é o país que se sente mais ameaçado por essa confrontação comercial. Da China à África do Sul, os ingleses tropeçam nos alemães um pouco por todo o lado. Sobretudo a partir de 1900, quando a potência naval alemã crescer rapidamente sob a influência pangermanista do almirante nacionalista von Tirpitz. Por isso mesmo os jornais desenvolvem campanhas mediáticas contra a Alemanha, denunciando os seus propósitos imperialistas.
Do lado germânico também se contesta a arrogância imperialista britânica.
Alguns políticos ingleses e alemães decidem negociar: por natureza os ingleses não costumam ser guerreiros, preferindo a discussão e a negociação. Até porque existiam laços familiares entre as duas dinastias: o imperador Guilherme II era genro da Rainha Vitória.
Uma vez mais a boa vontade entre alguns dirigentes não consegue prevalecer sobre a dinâmica antagónica entre dois imperialismos, nomeadamente sobre as opiniões públicas respetivas, cada vez mais hostis entre si.
Os alemães interpretam erradamente o suposto pacifismo inglês. E julgaram possível vencer os desentendimentos pessoais ou as dificuldades conjunturais, que pudessem pôr em causa um acordo. Quando a crise de julho de 1914 estava a iniciar-se os alemães julgaram que os ingleses jamais se atreveriam a intervir num conflito continental. Persuadidos de que acabariam por entender-se com os Ingleses, manifestaram surpresa e cólera logo que, apenas acabada de invadir a Bélgica, a Inglaterra aprestou-se a defendê-la. É que não se tinham preparado para uma guerra com ela e até ignoravam que, pelo contrário, a “pacífica Albion” já tinha preparado um desembarque no Schleswig.
Com o avanço dos exércitos do Kaiser, esse planeamento inglês ficou momentaneamente adiado!


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