quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Gasto o primeiro milho, os pardais foram-se embora ao segundo debate!

1. Ao segundo debate podemos constatar que as televisões apostaram em convidar como comentadores supostamente imparciais alguns dos que têm feito do esforço de denigrir António Costa o seu modo de vida. Como é o caso de Henrique Monteiro, ex-diretor do «Expresso», que, num dia perorava em favor de Seguro na TVI24, e no outro repetia na SIC Notícias exatamente o mesmo chorrilho de mentiras e preconceitos, que lhe vêm sendo conhecidos. Manifestamente a digestão da lição de Filosofia, que José Sócrates lhe infligiu há uns meses atrás ainda lhe anda a azedar o estômago. E quem paga as favas é quem o antigo primeiro-ministro apoia…
2. Ainda assim nota-se menos entusiasmo dos seguristas nas redes sociais depois do que resultou deste segundo debate. É que se se terão iludido com as inenarráveis afirmações do seu líder a coberto da moderação muito pouco moderada de Judite de Sousa, deverão ter sentido amargos de boca quando hoje ele foi titubeando perante os sucessivos factos a que não soube dar resposta. E, se no primeiro debate já se suicidara politicamente com a promessa de se demitir acaso não encontrasse as condições para governar , no segundo terá posto os cabelos em pé a muitos autarcas ao colá-los à imagem de gente que passa a vida à janela…
3. Mas os debates são ainda mais interessantes por aquelas frases quase inaudíveis, que nos obrigam a recuar o curso da emissão para aferirmos se ouvimos mesmo o que julgáramos ouvir.
Anteontem foi o lapsos linguae de Seguro, quando disse: “Quem, como eu, foi líder do PS…”
É certo que logo corrigiu para “é líder do PS...”, mas a evidência psicanalítica estava comprovada: até na sua cabeça, Seguro já sabe que perdeu.
Ontem outra dessas frases - sibilina de tão contundente! - aconteceu quando Seguro se vangloriava de ter procurado negociar com o governo a reforma das freguesias através dos muitos quilómetros percorridos de norte a sul e António Costa o confrontou com o resultado nulo desses esforços.
4. Há muitas coisas, que irritam em Seguro e o tornam obviamente inadequado para alguma vez vir a ser primeiro-ministro. Mas as que mais fazem sair do sério são a vitimização constante de quem se julga um anjo impoluto e acusa camaradas de Partido das piores aleivosias e a tendência desregrada em tudo passar pelo crivo do “eu”.
Seguro tem um umbigo tão inchado que não consegue morigerar essa tendência para dividir a História do Partido Socialista num antes dele e num presente, que pretende eternizar pelo menos com estes quatro longos meses de espera até aceitar ir a votos com António Costa.
Na sua mente o PS estava num caos depois de Sócrates perder as eleições legislativas, que ele interpretou como resultado de  os portugueses execrarem-no como causador de todas as suas penas. E então chegara ele, qual super-herói a transformar a triste circunstância numa promessa de vitórias sem fim. É claro que não consegue explicar como, depois de três anos de duros sofrimentos dos portugueses à custa da Direita, não conseguiu nas europeias mais do que 3% de percentagem de votos do que a conseguida por Sócrates em 5 de junho de 2011. E então se fossemos a ver o número de votos conseguidos nessas duas eleições, Seguro bem poderia voltar a corar de vergonha, porque perderia tão claramente como se viu derrotado neste segundo debate televisivo.

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