sábado, 4 de outubro de 2014

Quem tira a razão às Natashas e aos Vladimires?

Vemos as notícias dos telejornais e a espuma que delas se solta distrai-nos do que têm de mais profundo e humano. Vide por exemplo o que nos é revelado sobre a guerra em banho-maria, que se lavra no leste da Ucrânia.
Sabemos que de um lado estão os «bonzinhos» muito do agrado de merckel, cameron e barroso. Do outro figuram os «mauzões» apaparicados pelo tenebroso Putin. Pelo meio estão os refugiados, centenas de milhares, que tiveram de procurar abrigo do outro lado da fronteira.
Não são menos cidadãos do que os outros, que foram convencidos de quão amarela será a estrada de tijolos, que os conduzirá a Bruxelas e a Washington.
Só que eles não acreditam nessa história da carochinha e preferem outra: a de que se identificam muito mais com quem sempre tiveram laços políticos e culturais a leste de onde viviam. Onde ninguém lhes proíbe de falar a sua língua, nem de manter viva a memória dos que, há setenta anos, morriam para combater o fascismo. Essa ameaça, que os jornalistas ocidentais tanto quiseram esconder, mas se passeava impune por entre os que se manifestavam na praça Maidan.
O Canal Arte mostrou-nos duas famílias fugidas das suas casas e obrigadas a refugiarem-se na Rússia. Gratos por serem alimentados, vestidos e abrigados. Muito embora preferissem voltar à vida que tinham: no sítio onde tinham nascido, crescido e casado e onde cada qual tinha o seu emprego.
Os que fomentaram a guerra na Ucrânia para cortarem o acesso da marinha russa ao Mediterrâneo e para a cercarem ainda mais com as armas da NATO continuam a alimentar a propaganda contra Putin. Que também se vai pondo a jeito com as atitudes, que vai somando relativamente à extrema-direita ocidental e aos preconceitos homófobos. Mas quem tira a razão aqueles dois casais, subitamente expulsos da vida tranquila a que se julgavam com direito? 

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