quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Suavidades...

1. Está na altura de pôr ponto final em comentários à disputa entre António José Seguro e António Costa para a liderança do PS, agora que tudo se definiu e a palavra de ordem é a de chamar a reunir as hostes contra o governo que nos desgoverna. No entanto, e porque o humor não deixa de constituir uma notável arma de arremesso político, vale a pena referenciar duas pequenas notícias do jornal satírico «Inimigo Público».
Numa delas sublinha-se o quanto existe de ironia no facto de ser aquele que costumava perguntar qual era a pressa a acelerar o mais possível para sair da sede do Largo do Rato, quando ainda nem sequer tinham sido divulgados oficialmente os primeiros resultados.
Noutra manchete - que diz bem do impacto da vitória de António Costa! - anunciava-se que Clooney e a sua nova cara metade tinham decidido prolongar a festa de casamento por mais dois dias só para comemorar a vitória do autarca de Lisboa. Se não aconteceu, poderia muito bem ter acontecido!
2. O fim-de-semana não foi apenas marcado pelas eleições primárias no PS. Mostrando quão pindérico consegue ser, o tecnofórmico passos coelho foi ao antigo Pavilhão Atlântico assistir à final europeia de ping-pong. 
Sentado, a olhar para a esquerda e para a direita, sem mais nada fazer, ele foi a perfeita metáfora de quem já muito destruiu, mas agora, com eleições à vista, limita-se a ser passivo perante a realidade, que o rodeia.
Mais acomodado, cavaco mandou parabéns...
3. Grave a acusação de pinto da costa a passos coelho e a cavaco silva por quem se sentiu enganado.
É claro que podemos ter dúvidas se o presidente do Porto caiu mesmo na história do conto do vigário do aumento de capital do BES, se encontrou nela a matéria pitoresca para fazer mais um daqueles números muito do seu agrado.
De qualquer forma, verdadeira ou falsa, a entrevista a pinto da costa teve o condão de trazer novamente à colação a história dos pequenos acionistas, que iludidos pelos “méritos” do capitalismo cairam que nem tordos perante as jogadas de mestre dos que com ele sempre ganham.
4. O economista e professor universitário Pedro Lains acabou de publicar  um novo livro de recolha das suas crónicas mais recentes - «O Economista Suave (Outra Vez)» - e que tem algo a ver com o caso de pinto da costa: desde que o muro de Berlim caiu já deveríamos ter aprendido a não fazer previsões e, portanto, a não cumprir planos pré-negociados como foi o memorando. Numa realidade dinâmica tudo deve ser decidido à medida do que vai acontecendo e recorrendo aos mais variados canais de recolha de informação.
Está aqui uma boa resposta a quem insiste em saber de António Costa o que irá fazer relativamente ao Tratado Orçamental ou à dívida soberana: à distância de um ano das próximas legislativas arriscar uma posição definitiva não só é fútil, como só poderia resultar numa tolice. Porque quem arriscará algum prognóstico sobre que posições serão assumidas nessa altura pela Comissão Europeia, pelo BCE ou por quantos decidem estratégias comuns no Eurogrupo?
Por agora só interessa que António Costa preserve duas das principais facetas da sua imagem: a credibilidade e a competência.
5. Hoje foi o dia em que carlos moedas viu aprovada a sua integração no novo emprego. O que nos deu o ensejo de, não só confirmarmos que um escorpião é-o sempre apesar da mudança de circunstâncias (e ele demonstrou-o quando, em vez de se comprometer a ter em conta as pessoas, se disse orientado exclusivamente para os resultados!), como mostrar uma insuspeitada faceta de bufão da corte: não é que, sem qualquer prurido, disse-se em discordância frequente com os técnicos da troika?
Como diria o palhaço interpretado por Jô Soares, «Eu quero aplaudir!». Porque não sendo palhaço é o que moedas quer que seja quem o ouviu!
O que se faz para se conseguir afiambrar a um bom emprego!

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