quarta-feira, 26 de novembro de 2014

O clamor que anuncia o rufar dos tambores

Quanto se estão a enganar os que julgaram poder calar José Sócrates durante quatro anos no Estabelecimento Penal de Évora. Entenderiam eliminar de vez o futuro de um dos mais brilhantes  políticos portugueses do século XXI, com visão e carácter para puxar pelas energias positivas dos compatriotas e dar ao país um devir histórico esperançoso em vez desta tragédia empobrecedora para onde a direita os quer empurrar.
Estavam tão convencidos do sucesso do que julgavam ser o processo de erosão contínua a que sempre o sujeitaram desde que tomou posse em 2005, que até «aconselharam» os socialistas a nem o referenciarem no Congresso deste fim-de-semana.
O primeiro grande sinal do clamor, que começa a crescer e tende a transformar-se no rufar dos tambores de que falava uma das belas canções de Zeca Afonso no seu «Cantigas de Maio», foi a visita de Mário Soares esta manhã, sem desprimor para o gesto solidário de Capoulas dos Santos na véspera.
Sem papas na língua o fundador do PS classificou todo o processo movido a Sócrates como uma infâmia e foi veemente em desqualificar todos quantos nela têm colaborado.
É claro que o Sindicato dos Magistrados reagiu como as púdicas virgens desmascaradas na praça pública pelos seus vícios privados. Mas quanto de ridículo se cobrem quando pretendem dar lições a quem foi o artífice da nossa Democracia!
Nesta altura já estão em preparação, e em execução, algumas iniciativas de solidariedade com José Sócrates e de repúdio pelo que lhe estão a fazer. E já importantes visitas mediáticas se anunciam nos próximos dias, nomeadamente a de Lula da Silva.
A indignação dos socialistas atinge tal dimensão, que decerto se fará ouvir no Congresso, por muito que a direção nacional esteja obrigada a assumir a posição politicamente compreensível de respeitar o poder judicial, por muito que ele esteja a desmerecer essa consideração! Cá fora, e para as televisões que pulularão no exterior do pavilhão do Parque das Nações decerto se lembrará a diferença abissal entre o tratamento conferido a José Sócrates e o que beneficiaram cavaco silva e as suas ações do BPN, passos coelho e a Tecnoforma, paulo portas e os seus submarinos, só para falar dos três principais expoentes dos tipos de corrupção, que abarca muitos outros nomes relevantes da direita.
E para os que insistem na «toxicidade» de se manterem as políticas seguidas pelos governos de José Sócrates como um ativo utilizado nas campanhas de propaganda do PS até às legislativas, a melhor resposta deverá surgir nas próximas sondagens que, ao contrário do que muitos prognosticam, não o afastarão significativamente da perspetiva sólida de alcançar a maioria absoluta. Até para tornar possível evitar que, ao contrário do que têm demonstrado, os juízes e os procuradores continuem a ser manifestamente zarolhos, rejeitando ostensivamente levar a tribunal quem efetivamente tudo faz para o merecer. 

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