domingo, 18 de janeiro de 2015

Os jovens e a atração pelo islamismo radical

O «Público», através do jornalista Nuno Ribeiro, fez uma leitura atenta do relatório A metamorfose operada nos jovens pelos novos discursos terroristas  publicado pelo Centro de Prevenção contra as Derivas Sectárias Ligadas ao Islão (CPDSI), um organismo francês de análise da radicalização de muitos dos seus cidadãos.
Os investigadores estudaram 160 famílias, quase todas da classe média, cujos filhos se deixaram radicalizar pela Internet e decidiram partir para a Síria.
A maioria - 80% - eram ateias, o que levanta, para quem o é, a questão da falta de referências religiosas legadas aos filhos.
O estudo desmentiu a ideia de interligação entre essa adesão ao islamismo radical e o fenómeno do desemprego: só em 16% dos casos poderia ser uma explicação plausível. E o percurso prévio pela delinquência só se constatou numa percentagem ínfima, que a demonstrou irrelevante.
Mas já confirma a ideia de um doutrinamento eficaz (presente em 63% dos casos estudados) junto do escalão de passagem da adolescência para a idade adulta - entre os 15 e os 21 anos - sendo raros os verificados depois dos 30 anos. E em 40% tinham-se verificado episódios de depressão.
O estudo revela que a conversão passa por fases bem estratificadas:
a) inicia-se com ruturas, primeiro com os colegas de escola e com o antigo círculo de amigos, e depois com a família. Os jihadistas pretendem conseguir, tão rápido quanto possível, que a autoridade do grupo se substitua à dos progenitores;
b) concretizado o isolamento e o abandono dos valores tradicionais passa-se para a mudança do nome, arabizando-o, e criando condições para eliminar o sentimento de culpa;
c) o condicionamento ideológico avança para desumanização do adversário e a “legitimação” da violência decorrente de uma cega obediência às ordens recebidas;
d) dá-se a passagem para a ação, entendida como o objetivo prosseguido pelo verdadeiro crente.
É o culminar do processo em que, aproveitando os pontos fracos dos convertidos, exploram-nos para fazer vingar, não o Corão, mas o mimetismo de uma perversa visão doutrinária que, em muitos aspetos, violam os seus preceitos fundamentais.

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