terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

The times they are a-changin’

1. Prossegue aguda a azia de uns quantos em relação à dinâmica de mudança imposta pelo governo grego desde que tomou posse.
Se o sinistro Schäuble  ainda emite umas ameaças toscas e a sua “madame” avisa não se querer encontrar a sós com Tsipras durante a próxima cimeira europeia (porque terá ela assim tanto medo?),  Jeroen Dijsselbloem  já terá telefonado a Varoufakis a “explicar-se” da saída intempestiva da conferência por ambos partilhada e, do outro lado do Atlântico, Obama avisa dos perigos que os responsáveis europeus fomentam se fecharem as portas aos gregos.
Muito embora a Alemanha ainda conte com os holandeses, os estónios e os finlandeses para vergarem a irreverência ateniense, verificam, porém, como os apoios mais ou menos manifestos a Tsipras vão crescendo dia-a-dia: muito embora excluam um perdão da dívida os franceses apoiam a realização da conferência internacional e o próprio Juncker reconhece a inevitabilidade de acabar com a má experiência da troika.
Numa autêntica corrida contra o tempo, são os gregos quem dão mostras de abrir campo para a aceitação das suas propostas.
2. A dinâmica de mudança também se verifica num dos vizinhos da Grécia: na Croácia o governo social-democrata perdoou 280 milhões de euros a sessenta mil dos seus cidadãos em situação mais precária.
Ciente de que a solução para a crise não reside na austeridade, aposta-se ali num crescimento do consumo interno como pólo essencial do pretendido crescimento.
3. Situação bastante mais complicada é a que se constata na Ucrânia. Completamente falido e cada vez mais desacreditado, o governo de Kiev já pouca abertura consegue nos parceiros europeus, que outrora lhe fizeram crer na possibilidade de se empenharem financeira e militarmente para enfrentarem a Rússia de Putin.
Muito embora o dirigente russo suscite as maiores reservas, as novas autoridades saídas do golpe de Estado organizado a partir das manifestações da Praça Maidan estão a pagar com língua de palmo o terem aceite servir de peões a uma estratégia, que as ultrapassava: a intenção da NATO em privar a Rússia do acesso ao Mediterrâneo. Depois foi o erro crasso de, tão só derrotado o anterior presidente, terem decidido  proibir o uso do russo, que perderia o reconhecimento de ser uma das línguas oficiais do país.
Sem a rica bacia mineira, que garantia 1/4 das receitas do seu PIB, teme-se em Kiev o avanço progressivo dos separatistas até à ocupação de todo o leste do país.
4. Outro país em dificuldades é o Brasil com a terrível seca que já abrange cinco dos seus Estados. E muito embora haja quem critique as políticas erradas na gestão das infraestruturas de águas e saneamento, há quem lembre outra razão de peso para que se tenha chegado a esta situação: os desmatamentos criminosos das florestas amazónicas, que têm reduzido drasticamente as condições climatéricas de todo o planeta.
5. A queda das remessas enviadas de Angola para Portugal por causa da queda do barril do petróleo, o regresso de muitos dos que para ali emigraram, a quebra nas exportações suscitada pelo abandono da produção do Eos na Autoeuropa e os prejuízos acumulados pelo setor bancário devido à estagnação da economia - são tantos os fatores, que tenderão a transformar o final do mandato de passos coelho num inferno, que só se pode desejar-lhe o arrependimento sincero por não ter convencido cavaco a antecipar as eleições legislativas para esta altura.
6. Num relatório do fim da semana transata concluiu-se que 1 em cada 5 portugueses vive em situação de pobreza. Mas o «Expresso» fez as contas para a comparação com o valor que, em 2009, o definia e o resultado ainda é mais dramático: já atinge os 25%. 

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