quinta-feira, 19 de março de 2015

Já vimos este filme na terra do apartheid

Seja ou não capaz de formar governo com os resultados eleitorais de anteontem ,Netanyahu está em vias de se tornar no  P.W. Botha de Israel. Recorde-se que, durante onze anos, os que decorreram entre 1978 e 1989, este último tentou contrariar como pôde a dinâmica da História e perenizar o regime do apartheid na África do Sul. Não hesitando em levar por diante os crimes mais horrendos, que o regime contaria no seu triste rol. E um dos seus aliados mais gratos dessa época era precisamente o mesmo Israel, que já tanto se dissociara do seu passado laico e progressista.
Agora Netanyahu ainda apostará em levar até ao limite o seu fanatismo messiânico, aumentando ao máximo o número de colonatos e expulsando mais palestinianos das suas casas e quintas. Por isso anda tão desesperado em convencer judeus  a deixarem os sítios onde sempre viveram para se radicarem em Israel. Porque, nas guerras que quer provocar, precisa de tanta carne para canhão quanto a que possa em torno de si consolidar. Ademais, como se viu com a sua mais recente bravata em Gaza, já não poderá ter por si o apoio de uma comunidade internacional, farta de lhe aparar o jogo sujo e a questionar-se o que podem ter a ver estes judeus arrogantes e sem escrúpulos quando se trata de roubar propriedade alheia com os milhões de vítimas do nazismo por quem se justificou por demasiado tempo a complacência para com os seus supostos sucessores.
E, no entanto, uma parte significativa da  sociedade israelita está bem lúcida quanto ao desastre para que está a ser empurrada com a negação de um Estado palestiniano viável e territorialmente homogéneo: além do progressivo isolamento internacional crescem os custos com a defesa com implicação direta no empobrecimento de grande parte da população cuja preocupação maior passou a ser a necessidade de ver melhorada a qualidade de vida, borrifando-se para as sempiternas armas nucleares do Irão.
No seu artigo do «Público», Jorge Almeida Fernandes evocava os alertas recentes do escritor Amos Oz segundo o qual a garantia de segurança para Israel é a formação de um Estado palestiniano. “A alternativa é uma ditadura de judeus fundamentalistas ou um único país em mãos árabes que mataria o sonho sionista.” Para Oz, é uma “questão de vida ou de morte” que esteve escondida na campanha eleitoral. “Se não houver dois Estados haverá um; e, se só houver um, ele será árabe.”
Como muitos antigos chefes militares e da espionagem israelita têm sublinhado o pior inimigo à sobrevivência de Israel tem sido Netanyahu. E, infelizmente, ainda conta com exagerado apoio eleitoral com que se arroga do direito de continuar a conduzir o seu povo para ...a expulsão da Terra Prometida! 

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