quarta-feira, 11 de março de 2015

Portugal, Grécia, Espanha e Irlanda: o mesmo combate!

Estamos numa época em que um interessante jornalista financeiro veio a Portugal apresentar o seu mais recente livro sobre os banqueiros, por ele designados como «Banksters», tão próximos estão dos métodos dos gangsters de outros tempos. E quão capazes voltam a estar para causarem uma nova crise tão grave quanto a de 2008.
Por isso mesmo a luta contra o poder financeiro deverá constituir a pedra de toque entre o que é uma política de esquerda da que não é.  Se a recuperação dos défices dos bancos já causou tanto empobrecimento nos últimos anos, uma nova explosão de uma bolha especulativa seria trágica para quem ainda conseguiu passar relativamente incólume por entre os pingos de chuva...
François Hollande pareceu compreender isso antes de chegar ao Palácio do Eliseu, e anunciou-o com entusiasmo num comício da campanha eleitoral, mas os passeios de lambreta parecem-no ter desmemoriado do que deveriam ser as  prioridades e rendeu-se por inteiro aos compromissos com os banqueiros. A tal ponto que permitiu a Manuel Valls requisitar ao banco de investimentos dos Rothschild o seu ministro da Economia, agora apostado em fazer passar a lógica austeritária para a qual anuncia não haver alternativa.
Muito embora nos queiram vender falácias redondamente falsas - já não existirem ideologias de esquerda ou de direita ou as virtudes das desigualdades de rendimentos na “criação” de mais riqueza, etc. - o capitalismo está, efetivamente, em crise profunda.
Para os socialistas há duas vias: ou a de Francisco Assis, que replica o pensamento de rendição dos defensores da «terceira via» e pretende manter a organização económica e social na evolução desigualitária conhecida desde a queda do Muro de Berlim, ou a dos que veem na vitória do Syriza e, provavelmente, na do Podemos e na do Sinn Fein, a oportunidade para a criação de novas convergências e a admissão de novas ideias.
É por isso mesmo que estou totalmente de acordo com o que escreveu Duarte Cordeiro na edição do «Ação Socialista» nesta terça-feira: “Não vejo, ao contrário de outros socialistas, as posições do Governo Grego como preocupantes. Independentemente do sucesso que podem ou não vir a ter, a verdade é que estão a remar contra a maré da austeridade. Entendo que neste momento deveríamos pegar em outra pá e remar também. Teremos posições que nos dividem mas neste momento, e neste contexto, elas não são motivo para nos fazer perder um minuto a discutir isso. A necessidade de mudar de políticas, e de conquistar uma margem para o país, deveria ser uma posição patriótica, que unisse todas as forças políticas do nosso país.”
No passado, quando os comunistas europeus lideravam a oposição aos fascismos, tiveram a inteligência de considerar impossível a vitória sobre tão forte inimigo se contassem apenas com as suas forças e criaram movimentos destinados a unir os democratas  em torno do programa de derrube das ditaduras. Foi assim que nasceu em Portugal o MUD ou a candidatura de Humberto Delgado.
Hoje, passadas várias décadas e já reduzidos os comunistas a quase curiosidades de museu, é altura dos socialistas liderarem um programa decididamente orientado para a contenção da margem de manobra desses poderes financeiros. E os que, à esquerda, surgem com novas estratégias deverão ser ouvidos com atenção e, tanto quanto possível, apoiados. É por isso mesmo que, socialista em Portugal, apoio com mitigadas reservas o governo de Alexis Tsipras!

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