domingo, 28 de junho de 2015

E agora Josés da União Europeia?

Embora o zé (durão barroso) já tenha perdido o tacho em Bruxelas, deixou lá muitos outros Josés, que veem a festa acabar, como acontecia ao personagem do poema de Carlos Drummond de Andrade, ainda há pouco por mim aqui citado e que torno a convocar por razões acrescidas: é que a luz apagou/ o povo sumiu, / a noite esfriou.
Por muito que os dezoito ministros, que continuaram a reunião do Eurogrupo sem Varoufakis parecessem ter por si a força, a realidade arrisca-se a ser bem diferente: tanto quiseram puxar a corda que ela se rompeu. E pode-se bem imaginar que a força de dezoito fá-los recuar bem mais do que aquele que se ia aguentando do outro lado.
Agora, esses Josés, que se chamam merkel, schäuble, dijsselbloem ou tusk, dificilmente poderão continuar a zombar dos outros, tão sem discurso ficaram.
não veio a utopia / e tudo acabou / e tudo fugiu / e tudo mofou.
Face à jogada de antecipação de Tsipras, os Josés ficaram agora entregues às suas incoerências e aos seus ódios.
Com a chave na mão / quer abrir a porta, / não existe porta; 
De nada valeu a draghi lembrar que o caminho para onde empurravam os gregos implicaria um desiderato de efeitos imprevisíveis.
Sozinho no escuro / qual bicho-do-mato, / sem teogonia, / sem parede nua / para se encostar, / sem cavalo preto  / que fuja a galope, / você marcha, José! / José, para onde?
E é isso mesmo que até os mais insuspeitos comentadores da situação preveem: para a União Europeia, e para o euro em particular, esta rutura não prenuncia nada de bom.
Com o caos a sobrepor-se à racionalidade, que costumava caracterizar os líderes europeus de outros tempos, serão imensos os perigos para a Democracia e para a qualidade de vida dos que vivem no Velho Continente.
Mas que não se permita atribuir a culpa ao Syriza, a Tsipras ou a Varoufakis. Tendo por si a evidência de soluções, que falharam estrondosamente, eles só exigiram a implementação de uma alternativa outrora aplicada com excelentes resultados - quer nos tempos do New Deal, quer nos do Plano Marshall.
A marcar este momento histórico fica o excelente cartoon de António no «Expresso»: esse touro grego já fustigado por bandarilhas, que enfrenta valorosamente lagarde e merkel vale por milhentas palavras, que aqui acrescentemos para caracterizar a situação...


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