sexta-feira, 24 de julho de 2015

Em que se traduzirá a luta contra o capitalismo?

Jean Salem nasceu em 1952. Filósofo e professor da Sorbonne, provém de uma família comunista, sendo filho do grande combatente da independência argelina Henri Alleg.
No seu livro de memórias «Résistances», acabado de publicar,  ele deplora  algumas ideias de Vladimir Putin, mas não deixa de lhe reconhecer alguma razão, quando constata a estratégia de cerco a que os EUA e o Ocidente sujeitam a Rússia, com mísseis na Polónia, projetos de bases no Uzbequistão, golpe de Estado na Ucrânia com uma componente neonazi, etc.
Igualmente não ignorando o que Estaline fez de mal, vitimando muitos inocentes, Salem indigna-se com o discurso inflamado de quem quer equiparar o comunismo e o nazismo, ou mesmo considera-lo pior que a ideologia de Hitler. É que Estaline dirigiu o país, que conseguiu esmagar o nazismo, sobretudo com a viragem na guerra verificada na batalha de Estalinegrado.
Considera Salem: “se não forem os comunistas a lembrar esta evidência quem o fará por eles?”
O reputado professor até encontra margem para dar asas ao seu otimismo: “o meu seminário nunca deixou de ser uma pequena ilha na qual as ideias, que perfilho, puderam exprimir-se livremente. Nos anos 80, era impensável. Os meus amigos exibiam-me em certos jantares como se fosse um animal no zoo, porque teimava em contestar que tudo tivesse sido mau no chamado ‘socialismo real’. Inevitavelmente o ideal comunista está a ressurgir: há cada vez mais gente indignada com o sistema capitalista e com as guerras lançadas sob a égide da bandeira estrelada”.
Como homem de esquerda custa-me ver o PCP enquistado na sua cassette. É que  lutar contra o capitalismo nunca deveria consistir em fazer o jogo de quem com ele mais lucra...

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