quarta-feira, 8 de julho de 2015

O ódio à inteligência

Por mais nove dias continuarei a ter o alibi das férias com a neta para não ver, não ouvir, nem ler aquilo que costuma interessar-me nos restantes dias do ano. Daí que continue irregular a minha presença nos blogues e no facebook.
Há manifestamente prioridades, que não admitem contestações…
Hoje abri uma exceção à regra para ver o comentário de Augusto Santos Silva na TVI 24. Estava interessado em ver se ele aparecia e se haveria alguma explicação para o seu saneamento da estação de Queluz, tanto mais incompreensível quanto concretizada já com Sérgio Figueiredo como seu Diretor de Informação.
Não deixa de ser incompreensível, que o espaço mais interessante do comentário político das nossas televisões conheça o seu fim tendo como responsável aquele em quem muitos (eu incluído!) tinham depositado a esperança de ver diariamente uma informação mais objetiva e menos enfeudada ao discurso oficial da coligação no poder.
Logo a iniciar o seu comentário Augusto Santos Silva fez uma nota prévia em que lamentou a cobardia de quem o resolveu despedir sem que tenha dado alguma explicação pública das razões que a motivaram. Daí que fique, implicitamente, a sensação de pretender-se restringir aos elementos da coligação de direita o espaço nobre do comentário político. Em vez da inteligência de um notável analista dos acontecimentos políticos, a TVI 24 prefere manter um troglodita da estirpe de um medina carreira a poluir as suas emissões. Ou marcelo como versão toscamente maquiavélica de uma requentada sessão de conselhos ao “príncipe”. Ou ainda o asnô arnauth que, minutos antes, fizera figura de tolo empertigado num debate em que Seixas da Costa, Mariana Mortágua ou Ricardo Paes Mamede explicaram todas as razões justificativas do apoio, que o governo português deveria dar ao homólogo grego em vez de, por razões meramente tacticistas, fazer o contrário.
Augusto Santos Silva retomou essa mesma linha de pensamento no seu comentário desta semana. Não só já está mais do que demonstrada a falência da estratégia austeritária como forma de se sair da crise instalada nas economias ocidentais desde 2008 - medidas recessivas engendram ainda mais recessão! - como é redondamente falsa a tese de passos coelho em como a situação portuguesa não se equipara à grega. Não é por acaso que os mais importantes jornais económicos internacionais preveem que Portugal será o próximo candidato a sair do euro depois de concretizado o Grexit.
Por razões económicas, políticas e sociais será conveniente que haja acordo nos próximos dias e que o governo de Tsipras tenha condições para fazer aquilo que ninguém ainda lhe permitiu concretizar: o programa que foi validado pelo voto da maioria dos eleitores gregos. E que crie crescimento económico bastante para dar emprego a quem o não tem, esperança a quem já a perdeu e segurança a quem, como reformado, viu cortadas sucessivamente as pensões a que tinha direito... 

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