quinta-feira, 23 de julho de 2015

Um ancião “venerável”?

Em 1973, quando ingressei na Escola Náutica D. Henrique, tive de suportar uma pífia cerimónia do início do ano escolar, tendo américo thomaz a presidi-la.
Lá atrás, em pé, estavam os agentes da Pide a assegurarem-se de ninguém se atrever a invetivar o «venerável almirante», conhecido por ser um mero cortador de fitas a mando de salazar e proferir discursos espantosos por contribuírem bastante para o enriquecimento do anedotário nacional.
Lembrei-me de tal cena a propósito desse outro «venerável» ancião que, em Belém, vai-se limitando a dar acordo a tudo quanto passos coelho manda. Ontem vimo-lo em duas ocasiões ultrapassar os limites do que se esperaria num Chefe de Estado: na primeira defendeu o primeiro-ministro a propósito da denúncia de jean-claude juncker  em como ele fora um dos principais opositores à resolução da questão da dívida grega. Como se, julgando assumir a gravitas, que acredita ter, cavaco acreditasse calar ainda mais uma vez o segredo de Polichinelo segundo o qual os governos português, espanhol e irlandês opuseram-se à definitiva solução da crise grega, apenas por motivos eleitoralistas.
Na segunda ocasião, que nos entrou casas adentro, tivemo-lo a falar das próximas legislativas como se se tratasse de um tempo de antena do PSD. O que justificou o lançamento a partir das redes sociais de uma iniciativa com potencial para vir a ser um sucesso: a comemoração da nossa libertação do jugo cavaquista com a sua definitiva saída de cena, entregando as chaves da Presidência ao seu sucessor, o prof. Sampaio da Nóvoa.
Como já aqui escrevi em tempos, a primeira passagem de cavaco pelo poder  - na condição de primeiro-ministro - foi uma enorme tragédia. Esta segunda passagem, agora na pele de presidente da República, converteu-se numa farsa, com muito de comédia bufa, mas sobretudo alcançando a dimensão do absurdo.
Podendo-se-o equiparar a thomaz como um dos piores presidentes, que o país conheceu, cavaco deveria ter a oportunidade de verificar a forma como os livros de História irão cuidar da sua marca histórica: é que, salvo de déssemos ao inefável rui ramos a tarefa de redigir tal texto, ele só poderia envergonhar aquela anacrónica criatura saída da parvónia, mas incapaz de alguma vez ela dele se dissociar.
Em cavaco há o pior do que teve uma parcela da sociedade portuguesa nos últimos dois séculos: chico esperta, falsa, abjeta e trapaceira.
Com tantos amigos envolvidos no BPN e no BES, seria lícito concluir que, a haver alguém merecedor de estar na Penitenciária de Évora a cumprir pena de prisão, cavaco estaria necessariamente na primeira linha. Assim contássemos com um ministério público e tribunais verdadeiramente dispostos a fazer justiça, em vez de se transformarem em ferramenta de arremesso ao Partido Socialista.

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