segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Uma justiça zarolha

É um facto que muitas das políticas assumidas pelo Partido dos Trabalhadores foram para mim motivo de perplexidade. As alianças pessoais ainda mais me pasmaram, sobretudo quando se tratou da “amizade” entre José Dirceu e miguel relvas.
Mas a atual contestação a Dilma Roussef não pode ser dissociada da guerra intensa movida por alguns dos principais media brasileiros - o canal Globo e a revista Veja - contra os sucessivos mandatos, quer dela, quer de Lula, seu antecessor.
No passado houve boas decisões - o aumento do rendimento das famílias mais pobres - e outras desastrosas, de que foi lapidar exemplo o ruinoso investimento em estádios de futebol para o Mundial de Futebol de 2014.
Há algo que, porém, não deixa de suscitar interrogações: sendo a corrupção um fenómeno transversal ao exercício do poder, seja ele a nível nacional, quer local, porque é que os juízes de língua portuguesa dos dois lados do Atlântico manifestam uma “estranha” predisposição por atiçarem as suas atenções por quem se reclama da esquerda política?
Porque é nela que mais se verifica esse fenómeno? Os factos demonstram o contrário: vai uma enorme distância entre a caixa de robalos de Armando Vara e os inequívocos sinais de riqueza de muitos dos amigos de cavaco silva e de passos coelho!
E, mesmo que - condescendamos momentaneamente a um exercício académico! -  fossem verdadeiras as alegações mirabolantes de carlos alexandre  e de rosário teixeira a respeito de José Sócrates, como é possível comparar os 20 milhões de euros em causa com as incomensuráveis fortunas de alguns figurões, que encabeçam a lista dos mais ricos do país e são especialistas em evasão fiscal e muitos dos que se acotovelam para aparecerem nas primeiras páginas dos jornais ou nas televisões (todas elas mais ou menos alaranjadas!) a dizerem maravilhas da desgovernação destes quatro anos.
O Brasil também conta com o seu juiz vedeta, apostado em tornar-se no herói da turba ululante. Chama-se Sérgio Moro e está a dar substância a uma pequena minoria fascista, que desejaria ver a ditadura militar reposta e a repressão das forças de esquerda - sobretudo do PT - concretizada.
Os danos que este tipo de juízes estão a causar à Democracia ainda estão por contabilizar. Porque não é propriamente a corrupção, que os motiva! Se assim fosse não privilegiariam o espetáculo em detrimento da sigilosa eficiência, que lhes permitiria apresentar resultados irrefutáveis.
Interessados em criar um ambiente pantanoso, eles visam objetivos, que vão muito para além da mera inculpação dos corruptos. A maior parte dos quais - os da área política mais à direita - nem sequer incomodam!
Há, no entanto, motivos para acreditar que não levarão as suas enviesadas intenções avante? Claro que sim: a contragosto os próprios media, que andam a promover as manifestações contra quem, apenas, foi eleita há seis meses, têm de reconhecer que elas estão a perder fôlego e são cada vez mais os que decidem não alimentar uma campanha, que se virará inevitavelmente contra si mesmos. 

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