quinta-feira, 22 de outubro de 2015

De regresso ao futuro que ansiamos

O ciclo histórico iniciado há trinta anos com a subida do cavaquismo ao poder, cavalgando por cima dos selins cheios com os dinheiros europeus, conclui-se agora com a saída do seu emblemático rosto de Belém. E a direita ainda não interiorizou que o seu tempo já se esgotou: reduzida à defesa de receitas ideológicas esgotadas ela não tem espaço no futuro almejado pelos portugueses...


Há vinte seis anos, quando vi «Regresso ao Futuro II» estávamos no auge do cavaquismo e o Partido Socialista acabara de viver uma das fases mais dramáticas da sua História, quando o surgimento do PRD o reduzira a votações entre os 20 e os 22% nas legislativas.
Mário Soares batalhara pela entrada na União Europeia, mas fora cavaco quem, com manhoso oportunismo, cuidara de subir à liderança do PSD e aproveitar em seu favor - e dos seus amigos! - o enorme fluxo de dinheiros, que essa nova realidade significara.
O enriquecimento súbito de muita gente então ligada ao cavaquismo tem origem nessa conquista do poder, que, com a falta de regulação então existente, significou partir, repartir … e ficar com a maior parte.
Que toda essa gente tenha, depois, surgido no BPN e seus derivados, facilmente se compreende.
Não podendo afiançar o que estaria a pensar durante a projeção das aventuras de Marty McFly e do professor Emmett Brown, tenho ainda assim a certeza de estar então esperançado na possibilidade de, em 21 de outubro de 2015, tudo o que íamos vivendo politicamente já constituir uma má recordação. Se, então nos dissessem que cavaco estaria sentado em Belém e a nova AD (PàF) continuaria em São Bento, só poderíamos concluir pela existência de pesadelos muito difíceis de deles nos livrarmos.
E, no entanto, quem nos desse tais más notícias estaria a sonegar-nos a parte mais suculenta da história. Porque estamos a assistir àquele tipo de viragem histórica, que pode ser comparada a uma montanha por todos tida como inamovível de onde está e, subitamente, sujeita a fenómenos tectónicos capazes de a porem em movimento. E, quando uma tão volumosa massa ganha dinâmica é a própria Ciência a demonstrar-nos quanto ela se torna imparável.
Por isso mesmo tudo passa a parecer possível: mesmo com o desacordo público de Francisco Assis, até os seguristas parecem dispostos a avalizar um acordo com o Bloco, o PCP e os Verdes de forma a termos um governo para os próximos quatro anos. O que pode significar o verdadeiro regresso ao futuro por que sempre ansiámos: o de um Portugal mais desenvolvido e igualitário, com serviços públicos orientados para satisfazerem as necessidades das famílias quanto à saúde, à educação e à segurança social.
É, pelo menos esse o anseio dos mais de dois milhões e setecentos mil eleitores, que votaram nos quatro partidos e, podemos até arriscar, de boa parte dos quase dois milhões que, iludidos e manipulados, ainda confiaram nas mentiras de passos & Cª.

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