quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Um desafio, que não poderemos falhar...

Em janeiro iremos escolher mais do que um novo inquilino para o Palácio de Belém. Numa altura em que o futuro nos lança novos desafios a escolha será entre quem representa o passado - o do conluio entre a política e os negócios - e quem sabe quanto importa apostar no conhecimento para vencer os constrangimentos da nossa falta de competitividade.


Às vezes a História está-nos a entrar portas adentro e só damos por ela quando os seus efeitos se instalaram duradouramente no nosso quotidiano.
Foi assim com o 25 de abril. Quando, no dia 24, íamos para a escola ou para o emprego como poderíamos suspeitar da vertigem deleitosa em que mergulharíamos nos dias e meses seguintes?
Ou com o 11 de setembro de 2001. Quando nos surpreendemos com os aviões a colidirem com as torres gémeas de Nova Iorque, como poderíamos suspeitar que, década e meia depois, veríamos todo o Médio Oriente a ferro-e-fogo (sem comparação com as anteriores guerras de Israel com os vizinhos!) e um tal afluxo de refugiados a quererem vir instalar-se entre nós?
Poderíamos encher folhas e folhas com exemplos deste tipo com casos concretos que, a posteriori, concluiríamos quanto ao seu prévio anúncio por múltiplos sinais, mas sem que os tenhamos vislumbrado na altura.
O momento presente justifica, que recorramos a tal constatação: a derrota humilhante das políticas austeritárias da direita (sim!, ela teve o segundo pior resultado eleitoral de sempre!) poderá dar o ensejo de uma maioria de esquerda traduzida num governo viável para os próximos quatro anos. Mas é por isso mesmo que ela dependerá, igualmente, de quem for ocupar o Palácio de Belém a partir de março ou de abril do próximo ano.
Temos, por ora, três candidatos que se destacam quanto às probabilidades de virem a ser bem sucedidos, mas só um deles estará em consonância com a dinâmica acelerada nestes últimos dias.
É fácil dissociar Maria de Belém dessa lógica, já que ela representa o pior do que os portugueses execraram nos últimos anos: a associação da política com os negócios.
Oriunda paradoxalmente do campo segurista do PS - que tinha precisamente por bandeira o fim da promiscuidade entre governantes e banqueiros - ela será sempre a deputada, que nunca viu qualquer problema entre discutir os assuntos sobre o setor da saúde na Assembleia da República e receber um cheque mensal do Grupo Espírito Santo por aí ser consultora na mesma área.
Estando na política como representante de um grupo de interesses, ela seria em Belém a continuação da tradição cavaquista de ligação indecorosa à vertente mais corrupta da banca nacional.
Quanto a marcelo temos, igualmente, essa ligação estreita ao mesmo grupo económico, apimentada pela sua tendência para apostar em desafios onde, à partida, tinha tudo para sair vencedor, e acabou derrotado sem apelo nem agravo. Homem do passado, mesmo que aparentando a simpatia, fabricada como imagem de marca nos últimos anos, não se lhe conhece uma reflexão substantiva sobre o que deve ser o Portugal do século XXI.
Perante ambos os seus concorrentes, António Sampaio da Nóvoa distingue-se completamente: nunca esteve ligado a qualquer grupo económico, que o possa influenciar no sentido de arbitrar a seu favor eventuais diferendos com o poder político. Nunca militou em nenhum partido político, estando em condições ímpares de imparcialidade, favorecendo consensos a partir da sua prévia audição. E, sobretudo, é o único a manifestar publicamente a relevância de viabilizar o futuro nacional com a aposta séria no conhecimento, que constitui a única garantia de vencermos o desafio da competitividade.
Há, pois, um Portugal do passado - politiqueiro no pior sentido, no que isso se conota com a intriga mesquinha e a ligação obscura com o mundo financeiro - que marcelo e Maria de Belém personificam. E um Portugal, que acredita nas suas melhores capacidades para se modernizar e desenvolver: é esse país, que António Sampaio da Nóvoa promete representar.
Os portugueses deparam-se, assim, com um novo desafio imposto pela História. E de o agarrarem ou de o desperdiçarem, dependerá muito o futuro que irão ter.

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