segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

A lenta evolução dos comentadores

Ao ler a crónica dominical de Manuel Carvalho no «Público» («A Anatomia da ‘geringonça’») confirmo o que se vem detetando nas semanas mais recentes: alguns dos comentadores da atualidade política estão a rever as suas opiniões e a perderem a maledicência com que começaram por reagir ao novo governo da maioria de esquerda.
Manuel de Carvalho foi um dos que defendeu acerrimamente a vitória do PàF nas eleições e o seu direito a governar, sugerindo ao PS o acatamento das posições defendidas por Francisco Assis ou Álvaro Beleza.
Mas no texto desta semana, e depois de comprovar a sagacidade com que António Costa tem correspondido a cada desafio, já vem reconhecer que, a cada semana que passa, vai-se consolidando a ideia de que, com a "geringonça", tudo é possível.”
Ele não aborda aqui a sucessiva demonstração de incompetência de Passos Coelho em encontrar um discurso credível para justificar uma alternativa da oposição, mas é ela que vai fazendo pender alguns outros comentadores para a constatação do óbvio: os resultados estão a aparecer e a direita mais não faz do que ensaiar spins absurdos, como o lançado durante o fim de semana pela putativa líder do CDS, quando sonha num PS sem António Costa.
Um outro fórum onde se vai confirmando esta tendência para a neutralização dos discursos inicialmente muito negativos para com o primeiro-ministro também se verifica no «Eixo do Mal» onde, esta semana, o Luís Pedro Nunes acusava Clara Ferreira Alves e Pedro Marques Lopes de o deixarem sozinho na trincheira dos combatentes da «geringonça».
O desnorte da direita, bem patente no discurso enraivecido de Passos Coelho e nas fantasias de Cristas, só se vai agravando à medida, que as esquerdas dão sinais de apoio duradouro a esta solução governativa. E se esperava de Arménio Carlos as declarações de rutura, que prenunciariam a identificação dos seus sonhos com a realidade, bem pode esperar sentada. Com o pragmatismo das várias esquerdas, a inteligência de António Costa e a competência dos vários ministros à frente das respetivas pastas, a espera prometerá ser longa...

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