quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

A tagarelice dos pascácios

1. A queda abrupta das bolsas mundiais e do preço do petróleo estão a ter efeitos compreensíveis nos juros da dívida soberana dos países do sul da Europa, mas o efabulador Montenegro lá veio explicar sem rir (embora mantendo o costumeiro sorriso pascácio!) que a culpa é do governo de António Costa. 
No fundo é a direita a repetir a versão de 2010, quando a crise financeira internacional nem sequer existira, quanto mais tivera alguma influência nas dificuldades então sentidas pelo governo de José Sócrates.
E, como a SIC de Balsemão não anda a brincar no serviço prestado a quem a financia, lá se apressaram a procurar o senhor alemão da cadeira de rodas para dele noticiar alguns esconjuros sobre o governo português se mantiver a rota de inversão contra tudo quanto Passos Coelho garantira em prol da ideologia neoliberal europeia por muito catastróficos, que se tenham revelado os seus efeitos.
Antipatriota no seu egoísmo, a direita portuguesa troca de bom grado a melhoria da vida dos portugueses por cenários apocalíticos, que lhe devolvam o acesso ao pote.
2. Sempre estive convencido que, acaso o governo de António Costa não tivesse recuperado metade do capital acionista da TAP, e veríamos em breve alguns dos vulpinos promotores do negócio com Pedrosa e Neeleman no Conselho de Administração da empresa. Não seria essa uma explicação óbvia da pressa com que assinaram tal negociata?
Compreende-se assim a raiva da direita nos seus ataques ao ministro Pedro Marques, ciente de sem Pires de Lima, Sérgio Monteiro ou Miguel Relvas nesse(s) cargo(s) ficarem sem emprego muitos dos “boys” do PSD e do CDS, que andaram quatro anos a auferir excelentes remunerações a título de assessores ou consultores do seu governo e se veem agora sem outro préstimo que não o de telefonarem continuamente para os números da sua agenda de network a ver se escapam ao desemprego de longa duração.
Ao ouvir as explicações do ministro sobre o futuro da TAP questionamo-nos se para além dos coalhados devotos do anterior governo, ainda alguém de bom senso se escusará a aceitá-las como as mais sensatas para o interesse público?
3. Não sei se Rui Moreira está a sentir em perigo a reeleição como presidente da câmara do Porto e por isso decidiu armar-se em insólita joana d'arc a batalhar contra a seminacionalizada TAP. Mas podemos sempre pôr em causa a legitimidade para o fazer tendo em conta o seu recente empenho em multiplicar voos das companhias de low cost para o Aeroporto de Pedras Rubras.
Se queria facilitar tanto  negócio às maiores concorrentes da empresa aérea nacional, qual a admiração de a ver a prescindir de rotas menos competitivas e onde as mimadas por Rui Moreira lhe roubam passageiros com preços mais baixos?
4. Ainda falando de aeroportos, a mudança de nome do de Lisboa é uma boa notícia. Se houve quem crismasse o do Porto com o nome de nada teve a ver com a aviação - a não ser no tipo de transporte em que encontrou a morte!-, nem com nada de substantivamente positivo para a vida dos portugueses, será justo garantir ao de Lisboa a designação de quem foi, não só insigne aviador, mas também um democrata, que personalizou a aspiração de milhões de portugueses à Liberdade. 
Uma boa notícia, de que a direita não comungou no debate parlamentar sobre  negócio aéreo em Portugal. 

Sem comentários:

Enviar um comentário