terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Agora que a festa (não) acabou

A pior atitude que encontro nos que apoiaram a candidatura do Prof. Sampaio da Nóvoa é a daqueles que andam a lamber as feridas como se se tivesse tratado de uma batalha decisiva e só nos esperasse o Apocalipse daqui para a frente. Ainda se fossem jovens, que tivessem agora vivido a primeira prova de fogo ainda se compreenderia, mas olhando para os seus rostos, advinham-se-lhes muitas vitórias e derrotas passadas, que lhes deveriam ter dado a convicção de nenhuma delas estar dada como garantida para a próxima, embora valha a pena prepararmo-nos para criar as condições propícias ao sucesso.
Pessoalmente sinto-me grato ao Prof. Sampaio da Nóvoa por me ter propiciado uma das mais exaltantes experiências de vida dos últimos anos. Há tanto tempo, que vivíamos na apagada e vil tristeza, que este clarão de esperança num futuro mais ao nosso gosto, constituiu algo que tão cedo não esquecerei.
Houve, igualmente, e sobretudo, o conhecer pessoalmente o Cidadão em quem reconheci as qualidades ideais para ser o mobilizador do tal Tempo Novo em que apostamos. E o de ter transformado em amigos os muitos conhecidos e desconhecidos com quem fui partilhando as diversas atividades da campanha.
Apetece, por isso mesmo, parafrasear o José Mário Branco: «Valeu a pena? Valeu pois!» E, se fosse possível, repetiria porventura ainda com mais entusiasmo, tudo quanto vivi nestes últimos seis meses.
É por isso mesmo que não podemos deixar apagar a chama agora acesa. Se o general recolheu à retaguarda, mantêm-se todas as razões para porfiar na frente de combate a favor da consolidação da convergência das esquerdas e contra a ignorância ou a indiferença dos que deveriam ser os soldados da primeira linha contra as desigualdades e as injustiças com que são confrontados todos os dias.
Será essa a razão de ser da Associação Cívica, que terá a sua sede no mesmo espaço onde funcionou o SNAP Seixal e onde contamos promover, tão frequentemente quanto possível, as tertúlias de discussão sobre a atualidade e a forma de colaborarmos na sua transformação no sentido mais progressista possível.
Porque não temos respostas definitivas para nada, queremos convidar quem se identifica com os valores da Liberdade, da Justiça e da Igualdade a colaborar para que nenhum futuro marcelo volte a fazer da ascensão ao poder uma espécie de passeio onde se fala de tudo menos de política. Porque, na realidade, é disso mesmo que se trata: ser Cidadão com letra grande significa dignificar a participação ativa nos destinos de todos nós.
É por isso que rejeito totalmente o derrotismo nocivo dos que insistem em procurar explicações para o que no passado ficou, quando é o futuro a abrir tão escancaradamente as portas à nossa frente. E ele não se satisfará com as respostas do costume sobre vitórias e derrotas: pelo contrário exige-nos sagacidade e sentido de antecipação para nele abatermos os obstáculos e aproveitarmos os trampolins, que nos permitam avançar mais depressa…

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