quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

O barril do petróleo continuará a baixar?

As notícias sobre a descida do preço do barril do petróleo vão-se tornando tão frequentes, que há quem se questione onde ele irá parar. Só em dezoito meses esse preço desceu 75% do valor de então. Importa, pois, perceber quais as causas para termos a resposta à pergunta acima formulada. É que, se a situação atual parece facilitar a vida ao governo de António Costa que, assim, encontra margem de manobra para aumentar o imposto sobre os combustíveis, mas pode reverter em qualquer altura e vir a suscitar um efeito imprevisível de ricochete.
Em primeiro lugar, o preço do barril cai porque a oferta no mercado está a ser bastante maior do que a procura. A China, porque viu arrefecido o seu crescimento económico, travou as expetativas de aquisição de hidrocarbonetos e a produção norte-americana de petróleo de xisto atingiu uma dimensão, que torna os EUA quase autónomos nessas necessidades.
Acresce a tais factos que, como efeito de dominó pela travagem económica da economia chinesa, muitos outras com ela relacionadas enquanto exportadoras de produtos aí consumidos, também sofrem o mesmo efeito, e reduzem elas próprias o consumo de combustíveis.
Acresce, enfim, o papel da Arábia Saudita enquanto polícia da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) que, noutras alturas, decidia fechar a torneira para fazer subir os preços e agora não o faz. Porquê?
Há duas teses que explicam o comportamento aparentemente irracional do maior exportador mundial: por um lado, mantendo o preço do barril neste valor, consegue que dois dos maiores rivais na região onde pretende exercer a sua influência geoestratégica - o Irão e a Rússia - fiquem fragilizados. Por outro existe uma tentativa de levar à falência muitas das empresas produtoras de petróleo de xisto nos EUA, já que a mesma quantidade de petróleo produzida por essa via tem de custar 60 dólares no mínimo para se tornar rentável.
Que o está aparentemente a conseguir, tudo o indica: Harold Hamm, o dono da Continental Resources, que tem a maior área de prospeção nos EUA, numa superfície equivalente à do Sri Lanka, está à beira da falência. Ele que resistira à crise do subprime, onde perdera muitos milhões, e a um mediático divórcio que lhe levara outros tantos, parece à beira de lançar a toalha ao tapete. É que outra realidade incontornável para as empresas que produzem petróleo de xisto é o ciclo muito curto das suas zonas de exploração, que se esgotam em apenas quatro anos. Razões que justificam as crescentes apreensões da banca americana em manter apoios a tal indústria.
De qualquer forma a situação não conseguirá perdurar muito tempo: é que o petróleo no subsolo saudita não é inesgotável e os seus xeques estão a comerciá-la a um valor que se aproxima do que gastam para o extrair. E isso, a médio e longo prazo, pode revelar-se desastroso.

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