domingo, 28 de fevereiro de 2016

O racismo e a noite dos Óscares

Esta é a noite dos Óscares, mas ela não diz respeito a filmes memoráveis, que impliquem a vontade de uma atenção empenhada quanto à sua possibilidade real em serem premiados. Se interesse existe na cerimónia  reside no boicote da comunidade negra de Hollywood, que não se comoveu com o facto de a ver apresentada por Chris Rock.
Num ano em que não houve nenhuma nomeação para atores ou atrizes da comunidade afro-americana, confirma-se a opinião de muitos que dizem não existir um problema racial nos Estados Unidos, já que eles são em si mesmos esse problema!
Porque orientada exclusivamente para o lucro, a máquina de Hollywood escusa-se a contratar artistas de comunidades étnicas, apesar delas constituírem mais de 30% da população e todas as estatísticas demonstrarem serem elas a mais frequentarem as salas de cinema. Mas optando por andar sempre em círculo, os estúdios fazem a fama de atores e atrizes de pele branca, e só a eles contratam, porque são eles os mais conhecidos e, por isso mesmo, os mais capacitados para suscitar receitas mais avultadas.
Na prática, quando se está a equacionar esta questão é a da desigualdade que vem ao decima: numa sociedade em que a cor assume importância significativa para se pertencer a uma das várias classes e subclasses sociais, dificilmente Hollywood superará este estigma de racismo sem a sociedade norte-americana em si própria encontrar as soluções para não parecer tão disfuncional. A suposta terra das oportunidades é, sobretudo para os que não são brancos, o espaço de incontornáveis pesadelos...

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