quarta-feira, 20 de abril de 2016

Bancos, bancos … e mais bancos!

1. Convenhamos que esta terça-feira foi um dia animado, começando com as audiências parlamentares a Carlos Costa e a Mário Centeno. O primeiro já só encontra como linha de defesa o manter-se acossado por trás das periclitantes muralhas do “segredo obrigatório” imposto pelo banco Central Europeu. Mas confirmando nada ter dito ao Governo sobre o que se preparava em Frankfurt a respeito do Banco abandonado por Maria Luís Albuquerque à sua sorte durante três anos, ele deu ensejo a que seja invocada a «falta grave» justificativa da sua demissão.
Quanto ao Ministro das Finanças, quem tem, igualmente, uma derradeira linha de autodefesa é o PSD, que insiste na tese da mentira por muito que ela soe a desculpa esfarrapada para as responsabilidades, que lhe incumbem. Agora, como não conseguiram encostar Centeno às cordas na Comissão, e confiantes na “simpatia” ideológica de Joana Marques Vidal, ameaçam com uma queixa no Ministério Público.
Fica evidenciada a estratégia laranja de boicotar o mais possível os trabalhos da Comissão Parlamentar atirando para o espaço público tantas cortinas de fumo quantas as necessárias para impedir que se apure o essencial.
2. Segundo episódio do dia o do comunicado violento de Isabel dos Santos com a resposta mais comedida da administração do BPI.
Não havendo ainda completas certezas sobre o que se passou fica aparentemente falhada a tentativa da filha do presidente angolano em puxar a corda o mais possível, sem ter medido bem as forças de modo a não a fazer rebentar.
O problema é que o papá decidiu, há um par de anos, dar como imprestável a garantia emitida para cobrir o desfalque verificado no BES de Angola. E, por isso, quer ele, quer a família perderam qualquer possibilidade em serem reconhecidos com idoneidade bastante para se pretenderem banqueiros num qualquer país europeu.
Sendo provável que se verifiquem dificuldades acrescidas para os portugueses, que trabalham em Angola, obviamente que não havia outra alternativa política, que não fosse a criação de condições para manter a estabilidade do sistema bancário português, evitando a falência de mais uma instituição da importância do BPI. É que as multas impostas pelo BCE num cenário de paralisia na Administração não teriam outro efeito.
Depois dos dissabores suscitados pela condenação dos 17 dissidentes, que só estavam a ler um livro, o regime angolano recolhe as tempestades relativas aos ventos, que foi semeando nos últimos anos.
Isabel e José Eduardo dos Santos arriscam-se a ser vistos como párias indignos de se verem aceites como parceiros de negócios. Sobretudo nesta altura em que o petróleo deixou de ser uma arma convincente para fazer chantagem sobre governos timoratos.
3. No discurso alusivo ao 43º aniversário do Partido Socialista António Costa deu o troco ao incrível relatório emitido pela Comissão Europeia que do novo governo dizia pior que Maomé do toucinho e exigia implicitamente o regresso às “reformas” do (des)governo anterior.
A equipa de Junker ainda não compreendeuo básico: o “bom aluno”, que a todas as imposições se vergava e ainda dava cinco tostões, acabou. António Costa nada tem a ver com Passos Coelho e por isso, que se acautelem: as surpresas, que o primeiro-ministro promete divulgar com o Plano Nacional de Reformas serão as que melhor demonstrarão a falácia do There is no Alternative!

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