sábado, 15 de outubro de 2016

A vigarice com que a direita nos quer enganar

Nós sabíamos que a direita mente. Está-lhe no sangue, no carácter ou na falta dele. Está-lhe  no desconhecimento do que são escrúpulos. Mas o que se tem verificado nos últimos dias com a questão do suposto aumento de impostos já nem sequer é mentira, porque atinge a dimensão da total falta de vergonha.
Vale por isso a pena ler o artigo, que o José Gusmão publicou no blogue «Ladrões de Bicicletas» («O que é e quem aumentou a carga fiscal»), onde clarifica a evidência de se deverem olhar para os impostos com rigor, de forma a não nos deixarmos levar por mistificações.
A definição técnica de carga fiscal é o ratio entre o total de impostos e contribuições obrigatórias (nomeadamente para a segurança  social) e o produto interno bruto gerado numa economia durante um ano.
Ora admitamos que o emprego continua a crescer, o que significa maior coleta de impostos do IRS e maior receita para a Segurança Social, e a economia ainda mantém esta morosidade em se alavancar para além do 1,2%, que o governo estima para este ano. Acontece que, teoricamente, a carga fiscal sobe, mas sem que tenha havido aumento efetivo das verbas obrigatórias descontadas nesses salários.
O exemplo é ainda mais lapidar no gráfico ao lado em que o ano de 2012 daria a Passos Coelho o ensejo de dizer que teria baixado os impostos. Ora todos bem sabemos dos escandalosos aumentos então decididos, quer nesse ano, quer no seguinte, por Vítor Gaspar. Aliás, a direita, que tanto se insurge agora contra o que diz falsamente ser um aumento de impostos, nunca deixou de os aumentar ano após ano.
O que aconteceu então nesse ano de 2012? Foram tantos os despedimentos e o fecho de empresas, que as receitas daí auferidas diminuíram significativamente sem o PIB ter descido com a mesma rapidez. O pulo aconteceria, pois, no ano seguinte.
É por isso mesmo que não podemos aceitar a narrativa que os Josés Gomes Ferreiras e os Amaros Leitões nos vão querendo convencer com a ideia de estar a aumentar a carga fiscal. 
No gráfico e nas palavras de Mário Centeno ela está a baixar décimas, mas a realidade manda reconhecer que até tem maior impacto. Basta esse crescimento do volume do emprego, que só se sentirá no PIB daqui a um ou dois anos, para se confirmar aquilo que muitos de nós sentimos na carteira: pelo menos desde que este governo entrou em funções a minha pensão de reforma recuperou 4% do que a direita me havia espoliado. E ainda sou dos que só ma libertarei definitivamente da sobretaxa em outubro do próximo ano. Se isto não é uma diminuição efetiva da carga fiscal, o que é ela afinal? 

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