terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Uns avançam, outros espaventam-se

1. A confiança dos consumidores cresceu a tal ponto, que regressou aos níveis de há 17 anos atrás, quando, depois da Expo 98, o país parecia direcionado para um crescimento capaz de aproximar a qualidade de vida dos seus cidadãos aos mais altos padrões europeus.
O novo clima político trazido por este governo, e os resultados, que já se constatam da sua ação, justificam esse otimismo moderado. António Costa e a maioria parlamentar em que se apoia comprovam a bondade da alternativa, que as direitas diziam não existir. E o problema que se lhes coloca é este: se não acontecer nenhum percalço externo, que influencie negativamente esta governação ela tem condições de se prolongar por muitos anos. Sobretudo se, como Eduardo Cabrita pressupõe na entrevista de sábado passado ao «Expresso», quer o Bloco, quer o PCP passem a participar mais ativamente nas responsabilidades governativas na próxima legislatura.
Não surpreende, por isso, que comecem a emergir algumas iniciativas nessas direitas, dispostas a passar a extrema-unção às existentes, para proporem as velhas políticas sob novas roupagens. Convirá, por isso mesmo, estar atento às movimentações empreendidas por José Adelino Maltez e Paulo Morais, que andam desejosos de ocuparem o vazio ideológico, que Passos Coelho e Assunção Cristas não conseguem disfarçar.
2. Bem se esforçou a SIC por apagar tão lestamente quanto possível o fragoroso incêndio dos 10 mil milhões de euros desaparecidos nos offshores, recorrendo a essa versão atualizada do Diácono Remédios, que dá pelo nome de Tiago Caiado Guerreiro. Para este habitual frequentador dos programas de José Gomes Ferreira, não existiria nenhum problema com essa “falha” da Secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais, pois muito rapidamente se poderia verificar quem tinha feito tais transferências e para onde. Como se o problema deixasse de existir por haver mecanismos para solicitar aos paraísos fiscais as informações que eles tanto engenham em  esconder.
O apagão não só fracassou como os acontecimentos subsequentes - a demissão de Paulo Núncio dos cargos políticos no CDS - indiciam que terá havido intenção dolosa na frustrada tentativa de sonegar informação sobre o assunto. E não deixa de ser curioso como, com a casa a arder, as direitas tentam empurrar-se entre si para conseguir a improvável salvação.
A solidariedade pafista já conheceu melhores dias.
3. No twitter Ricardo Costa fez violento ataque à página Os Truques da Imprensa Portuguesa acusando-a de não identificar quem nela cuida de denunciar as manipulações de jornais, rádios e televisões em prol das direitas. Tal qual Trump ele quer saber os nomes de quem se limita a pegar em “notícias” e questionar-lhes a veracidade.
Sabendo bem quanto a sua ação deontologicamente ambígua está sujeita a escrutínio atento de quem não deixará de desmascarar-lhe as dúbias intenções, Ricardo Costa associa-se a outros «jornalistas», subitamente assustados com o sucesso desse permanente esforço de fact checking.
4. Na TVI José Sócrates voltou ao seu melhor nível de argumentação, desarticulando, uma a uma, as tentativas de Judite de Sousa em fazer-se voz de substituição do cobarde autor do mais recente ataque político à sua pessoa. E teve, sobretudo, razão, quando evocou o padrão comum das táticas das direitas contra o seu governo, e agora replicadas contra o de António Costa.
Perante a aproximação da última data limite que o procurador Rosário Teixeira dispõe para apresentar as provas, que já demonstrou não ter, até gente insuspeita como Henrique Monteiro está a reconhecer o quão grave será se Joana Marques Vidal vier aprovar novo adiamento com base na farsa mais recente de trazer Henrique Granadeiro e Zeinal Bava para este processo.

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