sábado, 4 de março de 2017

A sonsice de um proclamado modelo de virtudes

O empréstimo de dez mil euros contraído pelo juiz Carlos Alexandre junto do procurador Orlando Figueira, comprovadamente corrompido pelo vice-presidente angolano Manuel Vicente, é um bom exemplo de constatação há muito tida como lei: são os maiores defensores das virtudes públicas, quem acabam por ser desmascarados nos seus indignos vícios privados. Porque não sendo em si nenhum crime receber um empréstimo de um amigo, o facto de o ter auferido nega-lhe a legitimidade para questionar quem também assim procedeu.

Tendo sido esta a primeira rachadela no telhado de vidro, que o tem acobertado nestes anos de imerecida notoriedade, ficamos expectantes quanto aos demais vícios privados que se podem esconder por trás de tanta virtude proclamada. É que, como vimos com Cavaco Silva, este tipo de caracteres, que muito devem a uma certa salazarenta forma de estar na vida, comportam outras formas de velhacaria: a intriga, a falta de escrúpulos, a ganância, a gula (vide a imagem da comprometedora degustação do bolo-rei), etc.
Havendo sério perigo nas tentativas de beatificação de tal gente, desmascarar-lhes as fraquezas é tarefa de que nunca poderemos abdicar...

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