quarta-feira, 1 de março de 2017

Eu vou querer Paulo Núncio como meu advogado

Quase por certo jamais contarei com 10 mil milhões de euros nas contas bancárias. Nem mesmo com cinco ou até um! Mas tomei hoje uma decisão: se os vier a ter e face ao desempenho de Paulo Núncio na Comissão Parlamentar será ele quem contratarei como advogado para  sonegar aqueles muitos milhões num qualquer paraíso fiscal. +E que nem se trata daquela expressão bem portuguesa do “quem o ouve ninguém o leva preso”, que pressupõe alguma possibilidade de inocência para quem é interrogado. Neste caso, ele é culpado, quase mostra orgulho em sê-lo e desafia quem considere que tal facto possa ser censurável.
Ele não negou ter sido de sua lavra a decisão de esconder as estatísticas comprometedoras para quantos andaram alegremente a fugir ao fisco. Manteve-se quase impassível, quando o forçaram a reconhecer a violação das orientações da Comissão Europeia e da OCDE, que obrigariam a essa divulgação. E até cuidou de salvaguardar os interesses dos seus putativos patrões através da tentativa de esvaziar a importância da convocação de Vítor Gaspar ou de Maria Luís Albuquerque para testemunharem sobre o mesmo assunto.
Pode ter violado leis várias. Pode ter sido suspeito amigo de gente envolvida em branqueamento de capitais e de fuga aos impostos. Mas teve o topete de reconhecer as faltas sem lhes dar a devida importância.  Esteve ali sentado à cabeceira de duas filas de deputados com o ar angelical do miúdo apanhado na travessura de ter roubado um dos bolos postos pela cozinheira a arrefecer à janela.
Está, pois, decidido: quando eu próprio quiser cometer falta grave com os meus escassos capitais  aposto nele para a conveniente defesa: não só serei seu beneficiado infrator como conto que dê corpo às balas e me poupe a maiores chatices...

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